ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 19.04.96.
Aos dezenove
dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu - se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloisio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Ás nove horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo
respondida pêlos Vereadores Airto Ferronato, Antônio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Eloi
Guimarães, Fernando Záchia, Giovane
Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João
Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz,
Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila,
Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constatada a
existência de " quorum ", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da
Vigésima Segunda e da Vigésima Terceira Sessões Ordinárias, que foram
aprovadas. Á MESA foram encaminhados; pelo Vereador Antônio Hohlfeldt,01 Pedido
de Informações n° 51/96 ( Processo n° 1002/96); pelo Vereador Eloi Guimarães,
02 Projetos de Lei do Legislativo n°s 54 e 55/96 ( Processos n°s 1003 e
1004/96; pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Indicação n° 35/96 ( Processo n°
1031/96), 01 Projeto de Lei do Legislativo n°51/96 ( Processo n° 970/96) e 02
Pedidos de Providencias; pela Vereadora Maria do Rosário, 02 Emendas n°s 02 e
03 ao Projeto de Resolução n° 46/95 ( Processo n° 2572/95); pelo Vereador Mário
Fraga, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, 01 Projeto de
Lei do Legislativo n° 50/96 ( Processo n° 951/96); pelo Vereador Raul Carrion,
01 Projeto de Lei do Legislativo n° 53/96 ( Processo n° 992/96) e 03 Pedidos de
Providencias; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providencias; pelo
Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providencias. Do EXPEDIENTE constaram;
Ofícios n°s 101 e 104/96, do Senhor Humberto José Chitto, da Casa Civil do
Estado, 131/96, do Senhor Gilberto Mussin da Casa Civil do Estado; Cartões do
Senhor Carlos Appel, Secretário da Cultura do Estado e do Senhor Cézar Buzato,
Secretário de Estado da Fazenda. A
seguir, o Senhor Presidente informou os Vereadores Pedro Américo Leal e Edi
Morelli encontram - se na presente data representando a Casa nas comemorações do Dia do Exército Bento
Gonçalves. Em continuidade, a Requerimento do Vereador Raul Carrion deferido
pelo Senhor Presidente, os Vereadores, em pé, fizeram um minuto em memória dos
agricultores sem terra mortos e feridos pôr policiais militares no sul do Pará.
A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular,
o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Pedro Henrique Paiva, Diretor
do Diretório Regional da Liga de Defesa Nacional, que discorreu sobre a data
consagrada a Tira-dentes, rememorando a luta deste herói nacional. Na ocasião,
o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Marcelo Ceroni, representante
da Grande Loja Maçônica do Estado, do Senhor Jonas Silva, Presidente da Liga de
Defesa Nacional, do Coronel Floriano
Gonçalves Filho e do Capitão Arnaldo Gomes, membros da Liga de Defesa
Nacional e de alunos e professores da Escola
Municipal José Loureiro da Silva. Em COMUNICAÇÃO DE LIDER, o Vereador
Jocelin Azambuja teceu considerações sobre a figura histórica de Tiradentes,
discorrendo sobre a importância de um sistema educacional solido para o
progresso do País. O Vereador Dilamar Machado falou sobre a atuação
revolucionário de Tiradentes, reportando - se á conservação do patrimônio
histórico ligado a este herói. O Vereador Raul Carrion, reportando - se ao tema
da Tribuna Popular, disse que o objetivo
da luta de Tiradentes era a soberania nacional que, efetivamente, ainda
não foi alcançada. O Vereador João Dib, falando também em nome das Bancadas do
PFL e PMDB, comentou a luta histórica de Tiradentes, congratulando - se com a
Liga de Defesa Nacional pela propriedade de sua exposição no dia de hoje. Ás dez horas e quatorze
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados ás dez horas e vinte e três
minutos, constatada a existência de " quorum " A seguir, nos termos do
artigo 94, § 1° " f " do Regimento, o Senhor Presidente concedeu
Tempo Especial ao Vereador Milton Zuanazzi, que discorreu sobre a carteira de
identidade funcional dos Vereadores. A seguir, foi iniciado o período de Pauta.
Em Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram; o Projeto de Lei do Legislativo n°
37/96, discutido pêlos Vereadores João Dib e Giovani Gregol, os Projetos de Lei
do Legislativo n°s 44, 48 e 47/96, este discutido pelo Vereador Raul Carrion, o
Projeto de Emenda á Lei Orgânica n° 02/96, discutido pêlos Vereadores João Dib
e Raul Carrion, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 06/96,
discutido pelo Vereador Giovani Gregol de Lei do Legislativo n° 52/96; em 2ª
Sessão estiveram: o Projeto de Lei do Legislativo n° 23/96, discutido pelo
Vereador Raul Carrion, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo n° 05/96, os Projetos de Lei do Legislativo n°s
42/96, este discutido pelo Vereador Raul Carrion, os Projetos de Lei do
Executivo n°s 16,17,18 e 19/96, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n°
03/96, o Projeto de Emenda á Lei Orgânica n° 01/96, discutido pelos Vereadores
João Verle e José Valdir; em 3ª Sessão, estiveram; o Projeto de Lei do
Legislativo n° 126/95, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 02/96,
discutido pelo Vereador João Dib e o Projeto de Lei do Legislativo n° 39/96. Em
COMUNICAÇÃO DE LIDER, o Vereador Antônio Hohlfeldt manifestou a posição do PSDB
sobre a chacina de agricultores sem terra no sul do Para, falando também sobre
a publicidade nos taxi - lotações da Cidade. O Vereador Clovis Ilgenfritz
externou a posição da Bancada do PT sobre o massacre de agricultores sem terra
no sul do Para, criando a postura do
Governo Federal neste episódio. O Vereador Fernando Záchia discorreu sobre o
atendimento pelo Executivo Municipal a Pedido de Providencias de sua autoria
referente ao asfaltamento da Rua Jaime Telles. O Vereador Luiz Negrinho teceu considerações acerca d reunião que
participou com moradores do Morro Santana sobre o Orçamento Participativo. O
Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações sobre as relações entre a
Administração Municipal e o Orçamento Participativo. A seguir, constatada a
existência de " quorum", foi
iniciada a ORDEM DO DIA. Em continuidade, após ser encaminhado á votação pelos
Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Negrinho e Nereu D’ Ávila, foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Nereu D’Ávila solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria
contida nesta Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Resolução n° 45/95, Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Resolução n°01/96. A seguir, foi aprovado Requerimento do Vereador
Reginaldo Pujol solicitando seja dispensada do envio ás Comissões Permanentes a
Emenda n° 01 ao Projeto de Resolução n°
04/96. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução n°
04/96, com ressalva da Emenda n° 01 a ele aposta que, logo após, foi aprovada.
A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Raul Carrion solicitando
precedência na votação do Requerimento, n°80/96 ( Processo n° 1111/96) de sua
autoria solicitando Moção de Repúdio ás autoridades responsáveis pelo massacre
aos trabalhadores rurais sem terra em Eldorado dos Carajás, no Município de
Marabá, da região sul do Pará, a ser encaminhada ao Presidente da República, ao
Senado Federal, á Câmara dos Deputados, ao Supremo Tribunal Federal, ao
Ministério da Justiça, ao Presidente do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, ao Governador do Estado, á
Assembléia Legislativa do Estado, ao Tribunal de Justiça do Estado, ao comandante
da Policia Militar do Estado do Para, ao Movimento Nacional dos Trabalhadores
Sem Terra e á Secção Nacional da Ordem
dos Advogados do Brasil. A seguir, após ser encaminhado á votação pelos
Vereadores Raul Carrion, João Dib, Milton Zuanazzi, Guilherme Barbosa. Luiz
Braz, Antônio Hohlfeldt, foi aprovado o Requerimento n° 80/96, do Vereador Raul
Carrion, solicitando a Moção de Repúdio supra mencionada A seguir, após ser
submetido á votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, deixou de ser
aprovado por insuficiência de " quorum ", o Requerimento n° 64/96 (
Processo), do Vereador José Valdir, solicitando seja convidada á Casa a Senhora
Nelci Aguirre, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, para discorrer sobre o
atendimento prestado ás crianças, que obteve quatorze Votos SIM, votando os
Vereadores Antônio Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, Clenia Maranhão, Décio
Schauren Giovani Gregol, Guilherme
Barbosa, Helena Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir, Maria
do Rosário e Raul Carrion, votação esta
que, posteriormente, declarou - se nula. Ás doze horas e vinte e seis minutos,
constatada a inexistência de " quorum ", o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocados os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda - feira, á hora
regimental. Os trabalhos. Foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn,
Fernando Záchia, Reginaldo Pujol e Mário Fraga e secretariados pelos Vereadores
Fernando Záchia e Antônio Hohlfeldt, este como Secretário " ad hoc ",
Do que eu, Fernando Záchia, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Nós queremos registrar que o Ver. Edi Morelli e o Ver. Pedro Leal, e
solicitamos a observação em Livro próprio, nesta manhã, ás 10 horas, estão representando a Câmara Municipal nas
comemorações do Dia do Exército, no Regimento Bento Gonçalves.
O SR. RAUL
CARRION (Requerimento): Eu requero que esta Casa, faça um minuto de silencio em relação ao
massacre que ocorreu no sul do Pará e que resultou na morte de 20 agricultores,
ferimentos á bala e execução, e 45 feridos.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa defere o Requerimento de V. Exa. e solicita a todos que, de pé, prestem
um minuto de silencio em memória ás vitimas do massacre do Pará.
(É feito um minuto de
silencio.)
Passamos á
TRIBUNA POPULAR.
Informamos que a Tribuna popular desta manhã será ocupada pela Liga
de Defesa Nacional, representada por seu Diretório. Regional, para registrar a
data consagrada ao mártir da Independência, Tiradentes. Convidamos para
integrar a Mesa o Presidente da Liga de Defesa Nacional, Sr. Jonas Silva Paiva,
e o Sr. Pedro Henrique Paiva, Diretor do
Diretório Regional da Liga de Defesa Nacional; o Dr. Marcelo Francisco Ceroni,
representante da Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Sul; registramos também
as presenças honrosas, nesta Casa, do Coronel Floriano Gonçalves Filho e do
Capitão Arnaldo Gomes: igualmente, com satisfação, registramos a presença que
de alunos e professores da Escola Municipal José Loureiro da Silva, que
comparecem para enobrecer o ato que se realiza, aqui, nesta manhã.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA:
Os alunos são da 6ª série e estão acompanhados pela Profª. Maria da Graça
Alvares Dal Bueno.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa agradece. Com satisfação recebemos o Presidente da Liga de Defesa
Nacional, que fará uso da Tribuna Popular, instrumento que tem servido para que
a sociedade civil promova uma interação e integração maior entre a
representação política da cidade e os
mais diversos segmento da sociedade porto- alegrense. Tão logo recebemos a
informação do Presidente da Liga de
Defesa Nacional, imediatamente, para que cumpríssemos uma agenda, ainda dentro
do tempo hábil, definimos a solicitação do uso da Tribuna Popular, que tem
prestado inegável e inestimáveis serviços a essa integração.
Nós gostaríamos, também, nesta oportunidade,
de saudar o Diretor de Planejamento da Instituição desta Liga, que é o orador,
o Sr. Pedro Henrique Paiva, a quem concedemos a palavra por dez minutos para
fazer o seu pronunciamento.
O SR. PEDRO
HENRIQUE PAIVA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. ( Saúda os componentes da Mesa.) Mais
uma vez a Liga de Defesa Nacional busca o apoio da Casa do povo de Porto Alegre
para prestar uma justa homenagem a um grande herói desta Nação que foi o
protomártir da independência do Brasil.
Quando na Inglaterra e na França surgiam os
atos de Liberdade, de independência, Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, empolgado por essas idéias, cumpriu, no Brasil de então a tarefa de
esclarecimento aqueles que não agüentavam mais a exploração e o jugo de
Portugal. 204 anos se passaram daquela manhã em que foram enforcado e
esquartejado o alferes Tiradentes.
Patrono das policias militares e patrono
cívico da nação brasileira, esta data, Srs. Vereadores, alunos aqui presentes,
se reveste de alta nobreza, porque enquanto escolhemos a data de nascimento dos
patronos de várias classes, Tiradentes dedicou a data de sua morte a todos nós,
brasileiros. Não vamos contar aqui, Senhoras e Senhores, a história que todos
já conhecem, mas passados duzentos e quatro anos, por que estamos aqui falando
em Tiradentes? Porque nós, brasileiros de hoje, nos sentimos igualmente
sonegados do direito amplo da liberdade. Nós aqui presentes trazemos mais uma
vez o exemplo de Tiradentes para ás nossas vidas. Quando preso no Rio de
Janeiro, Tiradentes tinha nas mãos a Constituição americana em edição francesa,
prova da instrução que lhe dera o Padre Toledo, seu preceptor, amigo e instrutor. O caráter de Tiradentes,
embora afável, bom orador, propenso á
palavra e ao diálogo, trouxe para junto de si mais de sessenta notáveis, prova
de confiança nos seus propósitos. Não se agüentava mais a exaurida falta de
recursos pela insaciável rapina que a Corte impunha a nós brasileiros. Por
exemplo, quanto ao estudo, só os mais abastados iam para a Europa receber, Ver.
Jocelin Azambuja, o estudo que aqui não tinha. Não parece que duzentos e quatro
anos se passaram, pois as mesmas dificuldades que enfrentava Tiradentes,
enfrentam os brasileiros. Tiradentes não foi um traidor como tentaram contar,
registre - se que foi um herói. Um artigo da Lei citada em 1965, quando indicou
- o Patrono da Nação brasileira, imputa a Tiradentes a condição de glorificação
como maior compatriota de todos os tempos. A sua morte foi cercada de pompa. F
oram três anos de confinamentos e interrogatórios, sofreu um julgamento severo,
foi traído e abandonado, chamou para si a culpa auxilia-los na defesa. Marchou
para o patíbulo com barba hirsuta, vestimenta talar, baraço no pescoço, olhar
altivo e enérgico, de peito inflamado, de olhar brilhante, como a dizer a todos
que só o amor á pátria é digna de tanto sacrifício! Não precisa se falar na crueldade de sua execução, com seus
despojos espalhados pêlos caminhos do
Rio a São João Del Rey. Assim no sacrifício lúcido, consciente, resignado, se
não venceu em vida, deixou á posteridade a mais elevada mensagem de idealismo e
desprendimento, crendo em seu brilhante futuro. Tiradentes sabia que a semente
estava lançada em solo fértil, que aqueles que vissem após ele, continuariam o
seu trabalho de esclarecimento, de luta pela liberdade deste País. Tiradentes
foi o apóstolo da Independência do Brasil. Seguiu o seu destino, levando a
certeza de que as suas idéias tinham caído em terra fértil, se foi o único que
pagara com a vida, sabia que no intimo de muitos havia a disposição de apostar
num País livre, igualitário, democrático, como todos nós, aqui, presentes, que
além de crer no potencial da Pátria, unimos esforços conscientes para que ela
alcance o seu lugar de destaque no cenário mundial. Mas para que ela alcance de
cada um de nós a certeza do nosso compromisso com a Nação, para que ai, sim, de
dentro para, fora, o Brasil se destaque cada vez mais.
Apenas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
1965, por um Decreto, foi reconhecido Tiradentes como Patrono da Nação
Brasileira. Mas vejam que, em Portugal, seu país de origem, apenas em 07-09-94,
o Presidente de Portugal, Mário Soares, declarou reabilitado o herói Tiradentes. Até então, alguns ainda
o consideravam como traidor. Mas já estávamos livres, ou pelo menos buscávamos
com liberdade o engrandecimento deste País. Mário Soares considerou em seu
pronunciamento Tiradentes como figura mítica para o Brasil. Dizia que Portugal
reabilita o herói Tiradentes, um maçon convicto e desinteressado, um patriota
que sendo português lutou pela
independência do Brasil. A Liga de Defesa Nacional vem novamente á Casa do Povo
para dizer a todos os senhores e á população em geral que dever cívico está em
todos nós, desde os mais diferenciados partidos, desde as mais diferenciadas
ideologias, porque nós todos somos brasileiros, e mais do que cantar o hino
nacional, respeitar os símbolos nacionais, orgulhar-se por ver tremular a nossa
bandeira, civismo é hoje a conscientização de que nós todos temos que nos solidarizar para acabar, de uma vez por
todas, com as desigualdades sociais. Orgulharem-nos mais ainda dos símbolos
nacionais quando vermos dividir entre
todos a igualdade de direitos: casa, trabalho e alimentação. Esse É O Brasil
que todos nós queremos. Quiçá fosse o Brasil que Tiradentes queria! E que possa
ele, no oriente eterno onde se encontra, ver um dia satisfeito o seu desejo de um País livre, soberano e cada
vez mais progressista.
Agradeço á Câmara Municipal de Porto Alegre, a todos
os seus Vereadores, ao Presidente da Liga Nacional por essa oportunidade, á
Escola Municipal José Loureiro da Silva
que aqui vem, para que nós, sabendo da história, busquemos d uma forma mais
convicta cumprir o desejo daqueles que buscaram liberdade antes de nós. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja, em Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA: (Saúda
os componentes da Mesa.) Nobre palestrante, na verdade usando a Tribuna
Popular, nos fez um relato excelente e de reflexão profunda sobre a passagem e
a figura de Tiradentes para nós. Srs. Vereadores, Srs. Vereadores, estudantes
da Escola Loureiro da Silva e demais presentes que estão aqui, todos nós sempre
que reverenciamos e analisamos a figura de Tiradentes passamos a refletir
profundamente nos desígnios e destinos da nossa Pátria e sabemos que nenhuma
Pátria é forjada sem os seus grandes homens e as suas grandes mulheres,
aqueles, que dão exemplos a sua juventude e que fazem com que nós possamos pensar em termos de futuro. Os ensinamentos
que Tiradentes nos deixou foram muito profundos num país em que a sua história,
os seus personagens não são valorizados, até se procura esquecer. Hoje, o
processo de educação todo sofre os questionamentos da própria sociedade e claro, queremos saber sempre a
verdadeira história do nosso país, a verdadeira história dos nossos homens e
das nossas mulheres que fizeram este país, mas é importante Srs. Vereadores,
que tenhamos a consciência de que sem a análise histórica, sem o aprofundamento
da vida daqueles que passaram antes de nós para a construção deste País, nós
não faremos o futuro desse País. É a questão fundamental das raízes que hoje
são tão colocadas em um plano secundário, as raízes básicas da formação de um
país e o Brasil sofre com isso por que tem curta memória, seu povo é guinado aos
meios de comunicação a cultuar aquilo que é a história dos outros países,
aquilo que é, o na verdade, a construção de outras sociedades especialmente as
desenvolvidas e esquece de olhar para si próprio, esquece de valorizar a sua
própria estrutura e precisamos reviver e fazer com que as nossas tradições, as
nossas personalidades, os nossos momentos históricos sejam realçados. Hoje,
Vivemos um momento muito difícil da sociedade brasileira, da humanidade, e parece que cada vez mais os
homens querem se destruir ao invés de se construir uma relação de fraternidade,
de amor, de engrandecimento, parece que o ser humano está cada vez mais
tendencioso á autodestruição e precisamos dar um basta nisso, precisamos
refletir sobre tudo isso porque temos a obrigação de dar um futuro a esta
juventude. Então, quando analisarmos a figura do nosso Tiradentes temos que
analisar o espirito que o motivou, a grandeza que teve no momento histórico do
País. Esse aspecto tem que ser ressaltado pêlos nossos professores nas escolas,
pela nossa comunidade em geral para que possamos tirar daí tudo de belo e
positivo que foi transmitido para a formação da cidadania brasileira. Essa
cidadania que tanto lutamos para tê-la, mas não conseguimos ainda nos
considerarmos cidadãos deste País porque não assumimos de fato o grande País
que temos, porque não conseguimos ainda concretizar os ideais de liberdade que
Tiradentes quis transmitir ao povo brasileiro e essa conquista só se dará na
medida em que cada vez mais colocarmos o processo de educação do nosso povo em
primeiro lugar, fizemos com que realmente a nação brasileira possa crescer e
avançar como sociedade pacifica, positiva e que quer, realmente, preparar um
futuro para os seus filhos. O nosso País tem ai um manancial de ensinamentos
positivos de construção positiva a dar á sociedade. precisamos fortalecer todo
processo democrático do nosso País, todas as nossas instituições e fazer com
que, realmente, os princípios da moralidade, da seriedade, da responsabilidade sejam princípios fundamentais. E muito tem
isso a ver com toda esta relação, com a nossa classe política, com nós
políticos, que precisamos estar sempre atentos para dar as respostas que a
sociedade espera de nós. E os movimentos sociais e todas as instituições
organizadas tem que se mobilizar no sentido de procurar dar exemplo positivos,
mostrar á nossa juventude que vale a pena acreditar num futuro, que vale a pena
acreditar neste País. E, que aqueles que nos transmitiram esses ensinamentos
positivos vão ajudar, com seu espirito, a construir essa sociedade que todos
nós desejamos. Meus parabéns á Liga de Defesa Nacional, a lembrança dessa
manifestação hoje, e esperamos que os princípios e os ensinamentos de
Tiradentes possam alentar, ainda mais, a caminhada de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Dilamar Machado está com a palavra, Falará pelo PDT.
O SR. DILAMAR
MACHADO: Sr.
Presidente, Ver. Isaac Ainhorn; Dr. Marcelo Francisco Ceroni, representante das
Lojas Maçônicas do Rio Grande do Sul, cujas colunas foram sustentadas pela
inteligência, coragem e ousadia do jovem alferes Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes. (Saúda os demais componentes da Mesa e demais Presentes.) Na
história jurídica deste país a mais estúpida e violenta sentença já
prolatada contra um cidadão foi a
sentença que condenou á força e á morte o Tiradentes. Dizia a sentença assinada
pelo Poder Judiciário da época que " o Alferes Joaquim José da Silva
Xavier seja levado á forca, nela pendurado até a morte; seja o seu corpo
esquartejado e seus membros colocados em postes ao longo do caminho que leva á
vila Rica onde teve suas infames práticas como exemplo aos que ousarem se
erguer contra o poder; seja a casa em
que nasceu destruída, incendiada, e o terreno onde ela existe seja salgado para
que ali não possa nascer uma planta sequer; sejam seus descendentes, até o
Último grau, considerados para todo o sempre infames perante a pátria
brasileira. " Esse é um exemplo que quero dar a esses jovens, meninos e
meninas, estudantes da Escola Loureiro da Silva, para que quando ouvirem alguem
neste País pregar a pena de morte como
solução para os problemas sociais da profunda hipocrisia que vai na alma
daqueles que sustentam o assassinato do
Estado como se isso fosse solução para a pobreza, para a miséria, para o
analfabetismo, para a ignorância, para a ignorância política da maioria da
população brasileira, a ela submetida
por interesse dos governadores, da auto - intitulada classe dominante. Sem
duvida, um país como o nosso, grande, rico, geograficamente superior á maioria
dos países do mundo, com um imenso litoral, com milhões de hectares de terras
agricultáveis, não poderia, não deveria e não deverá conviver com esses vinte e
poucos Tiradentes de dois dias atrás, que foram massacrados porque lutavam
simplesmente pelo direito de ter, ou de
plantar, ou de produzir e onde sustentar suas famílias. Perguntava - me ontem á
noite um participante de um debate sobre essa matéria num programa de televisão: " mas o que estava
fazendo ali um criança de três anos?
" A única resposta que me veio
foi: " acompanhava a miséria dos país." Contra essas injustiças,
contra a opressão ao povo brasileiro, contra o colonialismo estúpido, ignorante
irracional e destrutivo da própria história inicial do povo brasileiro é que
lutou Tiradentes. Por isso foi morto. Que bom para nós, para a nossa
consciência de cidadãos, que tantos anos depois estejamos aqui reunidos num parlamento municipal lembrando a
memória, a história, o martírio e a coragem de Joaquim José da Silva Xavier. Á
Liga de Defesa Nacional eu gostaria de recomendar que desse uma olhada, através
do conjunto dessa organização em todo o
País, no que acontece na Cidade de Ouro Preto com a casa em que viveu
Tiradentes. Há poucos anos lá estive e tive a vontade e o desejo de visitar a
Casa de Tiradentes, que fica em uma
viela que não passa carros, na cidade de Ouro Preto. E para a minha amargura eu
encontrei na casa em que viveu Tiradentes uma placa: ". Entrei na casa
porque entendia que ia encontrar ali um minimuseu, lembranças, mas o que
encontrei foi um mini - " snooker ". Então eu pedi á Liga de Defesa
Nacional uma providência no sentido de junto ao governo de Minas Gerais, á
prefeitura de Ouro Preto, que transformassem a casa não num mini - "
snooker ", mas para preservar a imagem de um mártir, de um herói nacional.
Por isso em nome do Partido Democrático Trabalhista, numa data que coincide,
também, como o nascimento Getúlio Vargas, eu deixo a minha homenagem e agradeço
á Liga de Defesa Nacional por estar presente nesta Casa, nesta manhã, á
maçonaria aqui presente, fazendo com que todos nós, cidadãos e cidadãs que representam Porto Alegre, tenhamos,
neste momento, uma lembrança de alguém que transformou a luta pela
independência brasileira num caminho de processo. E ás crianças que aqui estão
a minha mensagem de otimismo. Jovens, acreditam no Brasil, lutem pelo Brasil;
apesar das dificuldades é um grande País e nós dele devemos ter orgulho,
procurando afastar de nosso caminho aqueles que vendem a nossa Pátria para o
exterior. Muito obrigado. ( Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Raul Carrion está com a palavra, em Comunicação de Líder
O SR. RAUL
CARRION (Saúda os componentes da Mesa): O grande objetivo da luta de Tiradentes e dos
inconfidentes, a soberania e a independência do Brasil, ainda não foi alcançado! Formalmente independente em
1922, de imediato a nossa pátria foi submetida pelo imperialismo inglês; logo
pêlos norte - americanos.
Hoje, o avassalamento neoliberal, existente
na nossa pátria e no mundo, leva o Brasil a transformar - se em uma nova
colônia dos sete grandes. Os setores estratégicos da economia nacional que
ainda não havia sido dominados pelo grande capital forâneo, tiveram grande
parte entregue: siderurgia, petroquímica, industria aeronáutica, industria de adubos, e assim por diante. O monopólio
estadual do petróleo, conquista da luta dos militares nacionalistas, dos
patriotas, dos comunistas, já foi liquidado o monopólio das telecomunicações,
setor estratégico de qualquer povo que
pretende ser soberano, já foi extinto. Agora regulamenta - se o esquartejamento
da PETROBRÁS, o esquartejamento da ELETROBRAS; busca - se a inviabilização
dessas estatais rendáveis que são
exemplo de eficiência, para entregá-las mas facilmente...
O Banco do Brasil, com mais de 180 anos de
vida, patrimônio do nosso povo, garantia para a existência do nosso povo, em
dois anos foi quebrado! Resistiu mais de 180 anos e, em dois anos esse projeto
neoliberal conseguiu quebra-lo ... Aqui, o nosso Meridional, que havia sido
falido pela iniciativa privada recuperado pelo estado, será dado" na
bandeja " para o capital externo: francês ou inglês, é a discussão! Quando
FHC esteve na Inglaterra, ofereceu o Meridional. Agora, os franceses se
apresentam também...
A energia, também, já foi entregue. A
navegação interior e costeira, da qual nenhum país soberano admite abrir mão os
Estados Unidos não admitem foi entregue aos armadores internacionais. A vale do
Rio Doce - maior empresa de minérios do mundo vai ser entregue" a preço de
banana ". Da Amazônia, nem se
fala; os alertas que tem sido dados são por demais conhecidos e o que se vê é a
caminhada inexorável para a entrega desse imenso território nacional!
Nem moeda mais temos! O dólar, hoje é a moeda
que nos governa. Se desvalorizar nos Estados Unidos, para seguir a sua política
financeira, o reflexo no Brasil é automático, o alinhamento se da de imediato.
As Forças Armadas estão sendo sucateadas,
seguindo a doutrina do imperialismo norte - americano - por demais conhecida
ela que é necessário criar em nossos países meras forças " auxiliares " á grande exército mundial, sob o
comando da ONU...
Dizemos tudo isso para marcar que nesta data, em homenagem a
Tiradentes, em homenagem á luta pela soberania nacional! E preciso que nasçam
novos Tiradentes, novos inconfidentes! Que a homenagem a Tiradentes não sejam
um mero recordar de um herói nacional, mas
seja um brado de despertar da consciência nacional e patriótica.
Obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Tendo em vista os requerimentos formulados pelos Vereadores Reginaldo Pujol e
Airto Ferronato, Lideres, respectivamente, do PFL e do PMDB. a Mesa dá a competência de falar em nome dos partidos
referidos, ao Ver. João Dib que está com a palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Ex.mo.
Sr. Presidente, Ver. Isaac Ainhorn; meu caro Sr. Marcelo Ceroni, representante
da Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Sul; meu caro Sr. Jonas da Silva
Paiva, Presidente da Liga de Defesa Nacional; Cel. Floriano Gonçalves F°; cap.
Arnaldo Gomes; Pedro Henrique Paiva, o nosso orador no dia de hoje; Senhores
Vereadores, Senhoras Vereadoras; meus jovens, alunas da Escola Municipal José
Loureiro da Silva, escola que leva o nome daquele que foi o maior Prefeito da
Cidade. Incumbido de falar em nome do meu partido; do PFL e do PMDB, sinto - me
um tanto quanto constrangido, porque pretendia falar em meu próprio nome, eis
que penso que Tiradentes foi um homem que amou o Brasil e que buscou sua
independência e liberdade. Para vós,
jovens da Escola Loureiro da Silva, não posso, tranqüilamente, ouvir que
este país não tem liberdade. Este país tem liberdade! Tem tanta liberdade que,
da tribuna, se diz o que se quer. No tempo de Tiradentes não se diria. Hoje se
fala até contra o próprio país. Pelo que se ouve, não temos mais o que fazer,
porque tudo se deteriora, o que não é verdade! Os jovens estão numa escola com
professores excelentes, numa escola que tem todas as condições Sou engenheiro
civil, formado há 40 anos quando a Escola de
Engenharia do Rio Grande do Sul formava 50 - tão somente 50 -
engenheiros civis. Hoje o Rio Grande do Sul inteiro, o Brasil inteiro tem
universidades, o oferece facilidades par que todos estudem. Isso tem que ser
reconhecido! Não há necessidade de mandar alguém á Europa para se formar em
Engenharia, em Medicina, em Odontologia, em Direito, em Agronomia; nós somos
exemplo para o mundo de competência.
Medicina, fazemos coisas extraordinárias. Vêm aprender no Brasil que têm mais
recursos do que nós. Eles têm mais recursos, mas não têm mais amor á Pátria do que nós temos.
Não posso permitir que aqueles martirizados
ou massacrados do Pará sejam igualados á Tiradentes. Pelo amor de Deus, não se
faça esta confusão no espirito dos jovens. Eles não são a mesma coisa. Não se
pode ir numa Tribuna, quando a Liga de Defesa Nacional dá suporte, tratar o
País desta forma.
Nós temos que ser mais sérios, mais corretos.
Disse que ficava triste porque queria
expressar uma opinião. Amo este País. Neste País todos têm oportunidades. Entrei na Prefeitura, na folha de
pagamento figurava: operário João Antônio Dib. E sai dali Prefeito. Estou aqui
nesta Tribuna no 6° mandato.
Isto não é liberdade? Isto não é
possibilidade, alguém que não tinha nada, ter o titulo de Engenheiro, ser
Prefeito de uma Cidade que ele ama?
O que é liberdade? E só dizer que estamos
entregando tudo? Por que não ajudamos a construir?
E de vocês, jovens, crianças, é que esperamos, e mais do que isto, temos a certeza, que as coisas
vão acontecer, as coisas boas.
É isto que tem que ser dito nos momentos de
civismo. Não mostrar que este País não vale mais nada, porque crescemos, porque
as coisas acontecem aqui, porque temos escola para todos os alunos. Será que é
porque falta liberdade? Ora, só o que dizem é falta liberdade.
Alguém impediu algum dos jovens que ai está
de fazer qualquer coisa? Alguém impediu o Vereador de ir á tribuna falar contra
seu próprio País? Não. Então temos liberdade. É preciso que saibamos
aproveitá-la. É preciso que saibamos honrar a memória de Tiradentes que queria
liberdade neste País e não era brasileiro. Mas, ele amava este País. É preciso
que se ame este País e se dê o melhor de cada um para que ele cresça mais e mais, não com criticas apenas. Sou
grato Sr. Presidente pela atenção que me dispensaram. Peço perdão pela minha
veemência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador
.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Tribuna Popular de hoje homenageou a personagem libertária de Tiradentes,
símbolo da nacionalidade, mártir da Independência, e figura que serve de
inspiração a todos os movimentos libertários e sociais, que tem na figura de
Tiradentes o seu grande inspirador. Faltam apenas quatro anos para podermos
comemorar, em nosso País, os 500 anos.
Os alunos da Escola Loureiro da Silva e demais convidados tiveram a
oportunidade de ver, numa homenagem em Sessão respeitosa, séria e responsável,
em que as pessoas na sua visão, na sua concepção, manifestam o seu pensamento
das convicções políticas dos Partidos que têm assento legitimo nesta Casa.
Felizmente podemos ter todos os partidos livres e com possibilidade de
manifestação como ocorre aqui na manhã de hoje.
Oxalá possamos chegar ao dia em que todos só
alunos da Escola Loureiro da Silva e de todas as escolas brasileiras tenham a oportunidade
de chegar a uma Universidade, assim como o
Ver. João Dib, humilde, operário, que se formou Engenheiro Civil, e que
este Vereador, de família extremamente humilde, chegou a uma Universidade. Se
este Vereador não tivesse a oportunidade de passar em uma Universidade Federal,
nós não teríamos, nem S. Exa. Titulo de
Engenheiro e, eu o de Advogado, pois ainda temos essa pequena porta da
Universidade Federal. Infelizmente, o ensino universitário na visão pessoal
deste Vereador, tem uma natureza ainda muito elitizada.
Agradecemos com muito orgulho e satisfação a
presença dos representantes da Liga de Defesa Nacional e o representante do
sereníssimo Grão Mestre da Loja Maçônica do Rio Grande do Sul, e também do
jovem orador Pedro Henrique Paiva, que fez um pronunciamento que honra a Liga
de Defesa Nacional e ás tradições do nosso Estado.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspende - se os trabalhos ás 10h e 14min.)
O SR.
PRESIDENTE (ás 10h e 23min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. MILTON
ZUANAZZI (Comunicação): Sr. Presidente, todos devem recordar um episódio em que fui á tribuna
para falar sobre a nossa carteira de identidade...
O SR.
PRESIDENTE:
Vereador, eu recebi esse expediente e determinei dar ciência a V. Exa. Se V. Exa. quiser, eu lhe defiro o
tempo de matéria relevante, pois posso lhe conceder esse espaço. O Ver. Milton
Zuanazzi está com a palavra, nos termos do art.94, a 1°, "f ", do
Regimento.
O SR. MILTON
ZUANAZZI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos devem recordar de um episódio constrangedor
que eu passei em um tabelionato aqui em Porto Alegre, onde fui, simplesmente,
reconhecer uma firma e apresentei a nossa tradicional carteira amarelinha, que tem a assinatura do delegado, Diretor do
Instituto de Identificação e o n° da nossa RG, que é igual ao número da RG da policia. A tabeliã não aceitou essa
carteira como identidade. Eu fui em outro tabelionato e foi aceita, tanto que
anexei tudo ao processo, Na época, fiz um Requerimento á Mesa, aprovado por
este Plenário, ainda Presidida pelo Ver. Airto Ferronato, para ver se a nossa
certeira tem valor ou não, a Carteira amarela que utilizamos, a carteira
funcional e quem tem o RG da policia. Entre idas e vindas , oficio para lá e
para cá o Presidente Isaac me remeteu o
Processo com a conclusão final,
assinada pela Sra. Zenilda Ávila Figini, perita criminalista e Diretora do Instituto de Identificação, que
diz: "Em atenção á solicitação do oficio 067/96, informamos que a Carteira
de Vereador não tem validade em todo território nacional como prova de
identidade, conforme informação da Superintendência Regional de Porto Alegre,
cópia anexa,"
Portanto, Srs. Vereadores, não utilizem a
nossa carteira como um documento oficial de identidade. Ela não tem esse valor
e foi exatamente esse questionamento
que eu fazia ao Plenário porque, na época, a tabeliã na Tristeza me
disse que eu estava dando um carteiraço. Eu estava usando como sempre usei,
como carteira de identidade. Aliás, eu nem tenho a carteira verde aqui porque,
enquanto eu for Vereador, eu usarei a carteira amarela, porque tem validade de 4anos, deixo a verde em
Casa, guardada, ela fica novinha, De forma a nossa carteira amarelinha, apesar
de termos colocado o dedo nela, o instituto ter vindo aqui, ela não tem nenhum
valor legal. E diz aqui, o nosso Embaixador que a de jornalista vale. A de engenheiro também vale. Eu tenho
carteira do CREA que vale em todo o
território nacional, conforme lei tal, artigo tal, mas a de Vereador, não Vale.
A de engenheiro vale, da OAB vale, e outros conselhos regionais, nacionais, no
caso do CREA dão essa validade, porque há ima lei. Agora, essa carteira amarela
de vereador, infelizmente, não é carteira de identidade, Ver. Ferronato, V.
Exa. que presidia, á época de expedição das carteiras a nossa Casa, ela não é
carteira de identidade, nem reconhecida
como tal.
Portanto, Srs. Vereadores, não passem
vergonha como eu passei. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Passamos á
PAUTA -
DISCUSSÃO PRELIMINAR
1° SESSÃO
PROC. 0797/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 037/96, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que inclui o
" Baile da Redenção" no calendário oficial da Semana de Porto Alegre,
e dá outras providências.
PROC. 0909/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 044/96, de autoria do Ver.
Guilherme Barbosa, que denomina Rua
Felipe Corrêa da Silva um logradouro irregular localizado na transversal da Av.
Eduardo Prado, á altura dos números 2240 e 2250.
PROC. 0928/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 047/96, de autoria do Ver. Raul Carrion, que obriga os
centros comerciais de Porto Alegre, não - classificados como “shopping Centers
", a colocarem á disposição dos
clientes um médico clinico-geral para a prestação de primeiros socorros.
PROC. 0930/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 048/96, de autoria
do Ver. Pedro Américo Leal, que concede o titulo honorifico de Cidadão de Porto
Alegre ao Senhor Luiz Felipe Tavares da
Silva.
PROC. 0936/96 - PROJETO DE
EMENDA Á LEI ORGANICA N° 002/96, de autoria do Ver. Carrion, que altera o "
caput " e o s 1° do art. 98 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre,
( iniciativa popular no Processo Legislativo)
PROC. 0960/96 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N° 006/96, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que
acrescenta artigo á Lei Complementar n° 234, de 10 de outubro de 1990, que
institui, em Porto Alegre, o Código Municipal de Limpeza Urbana, e dá outras
providências. ( proíbe a incineração de resíduos de qualquer origem)
PROC. 0988/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 052/96, de autoria do Ver. Edi Morelli, que denomina Rua
Elyseu João Fontana um logradouro irregular localizado no Bairro Passo das
Pedras.
2° SESSÃO
PROC. 0612/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 023/96, de autoria
do Ver. Milton Zuanazzi, que regula a cobrança de multa moratória por atraso no
pagamento dos tributos, serviços e fornecimentos prestados pelo Município, e dá
outras providências.
PROC. 0870/96 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N° 005/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que
modifica o art.12 da Lei Complementar n°170, de 31 de dezembro de 1987,
Suprimindo o parágrafo único e acrescentando dois parágrafos, para definir as construções que devem ter ramal
predial individualizado por economia.
PROC. 0871/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 042/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que denomina
Rua Júlio Stregue um logradouro irregular localizado na Vila Esperança, Bairro
Sarandi.
PROC. 0896/96 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO N° 016/96, que cria função regida pela
Consolidação das Leis do trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção
no Departamento Municipal de Água e Esgotos, e dá outras providências.(
Motorista)
PROC. 0904/96 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N° 003/96, que altera os limites da AF de Interesse Público
37 e ajusta os limites do Corredor de Comércio e Serviços 51 e do Pólo de
Comércio e Serviços 75 da UTR 45 da UTSI 35.
PROC. 0957/96 - PROJETO DE
LEI DO EXCUTIVO N° 017/96, que cria cargos na Administração Centralizada do Município, e dá
outras providências. ( Auxiliar de Enfermagem)
PROC. 0958/96 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO N° 018/96, que altera a especificação da classe de Cargos de Agente de
Fiscalização, constante no Anexo I
letra "b" da Lei n° 6309, de 28 de dezembro de 1988.
PROC. 0959/96 -PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO N° 019/96, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada
do Município, e dá outras providências. (Fonoaudiólogo)
PROC. 0937/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 049/96, de autoria do Ver. João Dib, que obriga os locais
de venda de combustíveis a afixar seus preços em cartazes, e dá outras
providências.
PROC. 0603/96 - PROJETO DE
EMENDA Á LEI ORGANICA N° 001/96, de autoria do Ver. José Valdir, que altera o § 2°
do art. 50 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. ( participação popular
nas etapas que envolvem o orçamento da CMPA)
3ª SESSÃO
PROC. 2336/95 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 126/95, de autoria da Vereadora Helena Bonumá, que
institui o Programa " Linhas de Oficio " no Município de Porto Alegre.
PROC. 0809/96 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N° 002/96, que acrescenta o inciso V ao artigo 161 da Lei
Complementar n° 43, de 21 de julho de 1997, ( guaritas de segurança)
PROC. 0812/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N° 039/96, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que institui o Dia da Cultura Racional no Município de
Porto Alegre.
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta, temos o Projeto de Lei do Ver. Giovani
Gregol que deseja incluir, no
calendário oficial da Cidade de Porto Alegre, o Baile da Redenção.
Ora, as leis estão muito
desvalorizadas nesta Casa. o tipo de festa que deva ser realizada por uma
administração que comanda a Cidade deve ser objeto da própria administração
que, naquele momento, temo poder. Vejo, muitas vezes, os Vereadores do PT
dizendo que queremos engessar a administração Petista com algumas leis. O Ver.
Giovani Gregol quer engessar as futuras administrações, obrigando - as, mesmo
que não desejem, a fazer um baile na Redenção. Acho que leis devem ser alguma
coisa de mais importante.
Vou formular voto para que o
Ver. Giovani Gregol se reeleja e para que, na próxima administração, faça um
pedido de providência, dizendo que é muito bom fazer o baile na Redenção, e a
administração, que não deve ser do PT, dirá que: " BOA idéia " ou
não.
O Ver. Raul Carrion tem um
Projeto de alteração da Lei Orgânica. Claro, gostaria que ele citasse, na sua
Exposição de Motivos, quem o inspirou a tanto, mas isso ele não faz. Mas, na
verdade, ele está certo. Na Lei Orgânica de 1947, estava estabelecido que 100
eleitores poderiam fazer um projeto de lei numa iniciativa popular. A Lei
Orgânica de 1970 estabelecia que 1% dos eleitores poderia fazer um projeto de Lei, o que significava 900
eleitores. Hoje, na avançada Lei Orgânica, está estabelecido que deve ser 5%
dos eleitores o número para fazer um projeto de lei, o que significa 45.000
assinaturas. Nenhum Vereador teve 45.000 votos. De qualquer forma, acho correta
a colocação do Ver. Raul Carrion, que pede para que se modifique para 1% o
número de eleitores que assinariam o projeto de Lei de origem popular. Vai ter
o meu apoio apesar da minha ressalva quando á Exposição de Motivos. Num outro
projeto de lei o Executivo a preocupação em criar possibilidade para que
guaritas de segurança sejam implantadas nos recuos de jardins.
Eu gostaria que o Executivo
Municipal, que reconhece a insegurança que vivemos nós, nesta cidade
atribulada, o país inteiro também vive, não é só o país, o mundo inteiro vive
condições de insegurança, alguns países mais avançados do que nós vivem em condições piores do que nós em matéria de
segurança, reconhecesse que é preciso dar condições para que a segurança
particular possa funcionar sem que esteja submetida permanentemente a
intempéries. Eu gostaria que a administração da prefeitura, sensível á
segurança, também o fosse em razão do
turismo. Parece que a prefeitura esquece que turismo é uma indústria sem
fumaça, que enriquece o pais como a
Espanha, e aqui em Porto Alegre nós temos tido oportunidade, até porque há uns
dois anos atras eu colocava uma emenda no orçamento que foi aprovada por
unanimidade, inclusive sancionada pelo prefeito, destinando dez milhões de
cruzeiros, na época, para que o turismo fosse incrementado, desenvolvido. Eu
dizia claramente que em turismo não se gasta, se investe, porque depois o
dinheiro investido se torna multiplicado. Parece que a administração da prefeitura tem alguma coisa contra o turismo já que não faz nada
para favorece - lo e, quando faz alterações no Plano Diretor, é, bom lembrar
que algumas coisas para o turismo também precisariam ser modificadas no Plano
Diretor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Verle está com a palavra
para discutir a pauta.
O SR. JOÃO
VERLE: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores depois da polemica sobre o projeto de Emenda á Lei
Orgânica n°01/96, de autoria do Ver. José Valdir, ele finalmente está na
segunda sessão de pauta: gostaria de fazer alguns comentários sobre esse
projeto, aliás, em outro momento já comentei, Penso que é importante que também
esta Câmara se abra e seja transparente na discussão dos recursos que recebe
dos contribuintes de Porto Alegre. a discussão envolve certamente o percentual
que se gasta com o Legislativo, porque há uma certa incompreensão da população
em geral sobre o que faz e o que gasta esta Casa.
Então, não nos diminuiremos se fizemos essa
discussão com a população, através do mecanismo do Orçamento Participativo, e
os recursos do Município, quanto maiores forem, mais poderemos gastar e teremos
no que gastar, porque não só o pessoal
consome recursos do Legislativo, nós temos também as obras de ampliação
da nossa Sede física. É importante que os recursos de Porto Alegre também
cresçam para que mais demandas da população sejam atendidas, e os próprios
Vereadores possam com isso ver contempladas as demandas da comunidades com as
quais têm um relacionamento. Nesse sentido, farei alguns comentários sobre uma
parte da receita do Município, cerca de trinta por cento em Porto Alegre, que é
transferida pelo Governo do Estado que é o ICMS. Nossa assessoria realizou
alguns estudo e analisou outros em fase preliminar, mas já apontando
claramente que a receita do ICMS vem caindo. Isso não é um fenômeno
nacional. No ano passado, o ICMS de todos os estados brasileiros aumentou
dezessete por cento; no Rio Grande do
Sul, o aumento foi de somente cinco por
cento. Neste primeiro trimestre, de janeiro a março de 1996, o ICMS no Rio
Grande do Sul caiu nove por cento, e os tributos federais praticamente mantiveram - se estagnados e o ISSN de
Porto Alegre aumentou quase dezesseis por cento, sem aumento de alíquota. Temos
claro que está havendo problemas, que não se devem simplesmente á conjuntura
econômica em relação á receita do Estado que é baseada, fundamentalmente, no
ICMS. Posso citar duas razões para essa queda: ima delas é a fiscalização que
não é acionada devidamente e, principalmente, não se fiscaliza os grandes
contribuintes. Por outro lado. Há uma série de desonerações fiscais, inserções
e acordos que são lesivos ao fisco, como por exemplo a ampliação do FUNDOPEM
onde o Estado perdeu, ano passado, quase 30 milhões de reais. Os frigoríficos,
onde tivemos reduções de alíquotas, os refrigerantes, onde a alíquota caiu de
25 para 17 por cento. Os veículos automotores, reduzindo a alíquota de 17 para 12%, motorhome, motos importadas, reduzindo de 25 para 17%, e
poderíamos listar ainda uma série de outras, que faremos em outra ocasião, Na
reunião plenária do Orçamento Participativo que tratou do desenvolvimento
econômico e tributação na quarta - feira, usamos da palavra e fizemos uma
conclamação aos participantes daquela reunião e ao conselho do Orçamento Participativo
para que se preocupem também com essa questão, na medida em que é recurso do
Município que está sendo dilapidado pelo Governo do Estado.
Gostaria de dizer que os municípios não são ouvidos,
quando o Governo do Estado dá benefícios, isenções e reduções de alíquotas.
Isso é equivocado, uma medida
unilateral, que é preciso ser combatida, que haja, também transparência nessa
discussão, e que os municípios possam manifestar se estão de acordo comesses
benefícios questionáveis e que vamos questionar fortemente daqui para frente.
Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Giovani Gregol está com a palavra, para
discutir a Pauta.
O SR. GIOVANI
GREGOL: Senhor
Presidente e Srs. Vereadores, queria iniciar marcando e relembrando a Casa que
hoje é o Dia Nacional do Índio. Entre tantos brasileiros, entre tantos irmão
nacionais, entre tantos grupos oprimidos, marginalizados, esquecidos da
nossa sociedade, sem dúvida, talvez o primeiro deles, cronologicamente
falando e também lamentando, porque o índio hoje, no Brasil, e praticamente o
maior marginalizado, quando, inclusive, o nosso Governo Federal está se negando
a fazer aquilo que a Constituição Federal de 8° determina que é a demarcação
das terras. Hoje o governo Fernando Henrique procura negar, não só não
realizando, juridicamente esse direito. Dito isso. Quero voltar á pauta e dizer
ao nobre Ver. João Dib que criticou com todo o direito e elegância o meu
projeto, mas eu gostaria que o Vereador se restringisse ao mérito do meu
projeto. É um projeto muito simples, é um projeto cândido, mas eu sempre gosto
de dizer que, muitas vezes, o simples tem que ser dito, tem que ser feito, tem
que ser ressaltado. Ele coloca no calendário oficial da cidade aquilo que o
povo, Vereadores, já consagrou, mais do que a Administração deva ou não, atual,
futura, passada, mais do que o Prefeito e a sua equipe devam ou não gosta ou
aprovar uma idéia, antes deles, o povo, porque em nome do povo e na defesa dos
seus interesses que esses governantes têm legitimidade.
O povo de Porto Alegre já consagrou o Baile
da Redenção independente de V. Exa. estar preocupado com a Administração
Popular que o Baile é nosso, não, o Baile é do povo de Porto Alegre que eu
estou colocando no calendário oficial da
cidade o Baile da Redenção, só isso, como os
seus congêneres fizeram com a Semana de Porto Alegre que não é do PT.
Semana de Porto Alegre que era uma data que o povo comemorava a fundação da
cidade do Arraial da vila de Porto Alegre, foi instituída pôr Vilela foi há muito tempo atrás, em que o PT nem
existia, e está no calendário oficial da cidade, consagrando aquilo que o povo
diz. Não tem nada que ver com o PT na medida em que a Administração é popular,
portanto, faz aquilo que o povo quer. Não falo das outras, acho que também o
foram, pelo menos, em muitas oportunidades.
O Sr. João
Dib: V.
Exa. permite um aparte? ( Assentimento do orador.) Nobre Vereador, como diria o
prof. José Valdir: " É tão difícil construir o simples que ninguém mudou o
Parabéns a Você ". É tão fácil aceitar o simples que, se há consagração
popular do Baile, não há porque legislar, até porque, a Constituição Inglesa
não foi escrita e é respeitada, mas V. Exa. lembrou o Dia do Índio e eu
gostaria de dizer àqueles que pretendem carregar a bandeira de Getúlio Vargas,
com exceção do Ver. Dilamar Machado que fez uma leve referencia, que não
lembraram hoje do nascimento de Getúlio Vargas.
O SR. GIOVANI
GREGOL: Um
grande estadista que merece o nosso respeito apesar do período ditatorial do
Estado Novo ao qual temos algumas criticas, mas sem dúvida, foi uma das maiores
lideranças políticas e um dos poucos estadistas que o Brasil teve neste século. Gostaria de chamar a
atenção dos Vereadores, inclusive do Ver. João Dib, que está atento ao que
fizemos e nos criticas, porque, aqueles que não têm conteúdo, não são criticados. Ninguém chuta cachorro morto. O
Ver. Clovis Ilgenfritz concorda com este Vereador. Ninguém atira pedra em
árvore que não dá fruto, Por isso, quando me atiram pedras, eu até fico
satisfeito, embora não goste de pedradas, apesar de ser um alvo fácil, as
pedras não me machucam muito, até porque devolvo as pedras.
Quero lembrar que corre em primeira pauta,
hoje um projeto de fôlego, que ficou por mais de um ano sendo estudado pelo meu
gabinete. Ele proíbe a incineração no município de Porto Alegre de qualquer
resíduo de qualquer tipo de lixo, inclusive, hospitalar. Existe uma
justificativa técnica, bonita de quase dez páginas e vamos fazer um
grande debate aqui nesta Cidade a respeito desse assunto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Raul Carrion, para discutir a Pauta.
O SR. RAUL
CARRION:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores: uso a Palavra, em primeiro lugar, para discutir
na Pauta o projeto de minha autoria que já foi referido de forma elogiosa pelo
Ver. João Dib acerca da diminuição para
1% do eleitorado municipal no numero de assinatura exigidas para o
encaminhamento de projetos de iniciativa popular.
Queria afirmar que, antes do Ver. João Dib
falar, já era minha intenção dizer que este projeto nasceu de uma informação
que o Ver. Dib comentou numa Sessão, de que anteriormente a exigência era 1% e,
antes ainda, eram necessárias 100
assinaturas! Não propriamente a inspiração para o projeto, mas a informação que
me levou a formula-lo. Se não o coloquei na Exposição de Motivos é porque
acredito, com a pouco experiência que tenho, que isso não cabe, mas agradeço a
informação do Ver. Dib e o seu apoiamento firme e decidido á aprovação deste
projeto.
Como coloco na Exposição de Motivos, até
hoje, passados 7 anos da Lei Orgânica, nenhum projeto de iniciativa popular foi
encaminhado nesta Casa. Só isso já seria uma comprovação de que, na forma como
a Lei Orgânica colocou, praticamente o inviabiliza: ou, torna tão difícil que
desestimula. E foi um retrocesso na Lei Orgânica. Na LOM de 1948,que eu anexo
aqui, 100 eleitores poderiam fazer um projeto de iniciativa popular: na LOM de
1962, 1% dos eleitores poderiam fazer um projeto. Por que a LOM
de Porto Alegre, que é, indubitavelmente, uma das mais avançadas, criou
uma restrição tão poderosa? Comentava essa questão com alguns Vereadores que me
disseram que " aquele momento não foi possível passar a proposta de 1%...
Acredito que é algo perfeitamente factível, justo; nem torna fácil demais, para
não vulgarizar, nem torna impeditivo, como é hoje.
E é legitimo, porque, vejam 1%, hoje, segundo
o Ver. Dib, seriam 8 ou 9 mil. De toda a forma é do que a imensa maioria dos Vereadores desta Casa
teve de votos. Se uma delegação
genérica é possível, até com menos de 2 mil votos como alguns Vereadores aqui,
sem nenhum demérito, detiveram por que uma delegação precisa, para um projeto
concreto, com 8 mil votos não seria legitima? Creio que esta proposta será compreendida por todos os Vereadores, será aprovada e
garantiremos mais um avanço na nossa LOM.
Também encaminhei outro Projeto que obriga os
centros comercias de Porto Alegre não classificados como " shopping
centers " - por que isso? Porque já existe uma lei estadual que obriga os
" shopping centers " ao que esta lei pretende obrigar - com pelo
menos 20 lojas, ou seja, com uma estrutura já razoável, envolvendo 20 ou mais
empreendedores comercias, a colocar á disposição dos clientes ---- milhares de
pessoas que ali transitam, que dão lucro aos empreendimentos ---- no horário de
funcionamento, um médico clinico – geral para primeiro socorros, em casos
emergências de saúde Diga - se de
passagem que, nos " shopping centers ", pela lei estadual, é
obrigatório um ambulatório com uma série de exigências. Aqui é uma exigência
bem menor, também, dos empreendimentos.
Queria registrar, diante o nosso apoiamento
ao Projeto do Ver. João Dib - e não é troca de gentilezas - sobre a
obrigatoriedade de os postos de combustíveis afixarem os valores cobrados. Eu
farei uma Emenda, colocando as dimensões mínimas, porque eles costumam colocar
aquela " letrinha de contrato imobiliário", que ninguém vê. E dizer
que existe uma federal que isso, não significa nada; porque não é cumprida.
Acho muito justo a iniciativa.
Debaterei numa outra Pauta o Projeto do Ver Milton
Zuanazzi, que trata da limitação das multas, das cobranças do Município em 1%.
Acredite que os 10% hoje cobrados são um exagero. Se não é 1%, se é 2%, vamos
discutir; mas existe um movimento nacional para reduzir essas multas. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. José Valdir com a palavra para
discutir a Pauta
O SR. JOSÉ
VALDIR: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. ( lê):
" O Orçamento Participativo,
mundialmente conhecido, extrapolou a Capital,/e, como o filme "O
Quatrilho”, ganhou projeção mundial. /A ONU, com competência analisou a experiência e assinou, dando o
aval./ Mas os adversários do processo
tão criando confusão. / Dizendo por
toda a parte/ Que tudo isso é ilusão /Que melhoria pra vileiro/É desperdício de
dinheiro / É obra arroz-com-feijão. /Na
Câmara de Vereadores - aqui, na Câmara de Vereadores - o tema tem variação./
Dizem até que o Diabo/ Anda metido em reunião/ Outros falam apreensivos/ Que o
tal Participativo/ Limitou sua atuação./Eu me pergunto por que?/ Fazer tudo
outra vez?/ Trocar seis por meia dúzia/ Apresentando novas leis/ Acentuando a
mesma tônica/ Já está na Lei Orgânica/ Artigo um dezesseis./ Apresentei um
projeto/ Botando o dedo na ferida/ Fazendo valer para a Câmara /O mesmo peso e
medida/ Que o povo delibere o Orçamento,/ Gastos e os investimentos/ E sua voz
seja ouvida./ Tentaram tirar de pauta/ O projeto apresentando/ Desviando para
firulas/ O debate colocado./ E a questão que o embasa/ O exemplo começa por
Casa/ Já diz o velho ditado./ A tática de alguns/ É a do discurso comprido/
Fazendo o papel de mocinho/ E outras vezes de bandido. / Ao contrário de “O
Quatrilho”/ Seu roteiro não tem brilho/ É filme velho e conhecido."
Eu fiz isso aqui na tribuna, porque estou
levando muito a sério essa discussão. Antes que o Vereador Nereu D’ Ávila, que
gosta de divulgar os meus panfletos, e o
faça eu estou anunciando que esta discussão é tão importante que eu
estou fazendo um panfleto, em verso, numa linguagem popular, cujo titulo é; “ O
Quatrilho e o Orçamento participativo “, para fazer com que esta discussão.
Utilizando-se da cultura popular, que
seja uma discussão, a mais ampla possível, na Cidade de Porto Alegre. Que essa
discussão não se dê apenas aqui, dentro da Câmara, mas que ela vá para as vilas
em linguagem que o povo possa entender e participar. Por isso, também, é que
quero ampliar a discussão e ampliar os resultados do Orçamento Participativo e
fazer com que o Orçamento também aconteça na Câmara Municipal. E, aqui eu quero
fazer um apelo á Casa:
Vamos deixar de filigranas jurídicas e vamos
discutir conteúdo. Em razão das filigranas jurídicas, por causa das firulas,
como diz aqui, é que o meu projeto faz dez dias que esteve fora da Pauta,
suspenso da discussão. Dez dias, inclusive por um encaminhamento que atropelou
o Regimento da Câmara. É o apelo que eu estou fazendo, porque ele voltou á
discussão, permanecendo a mesma Questão de Ordem, desta vez formulada pelo Ver.
Nereu D’ Ávila, já que o Vereador que tinha formulado a questão anteriormente,
depois de dez dias atrapalhado, chegou na tribuna e retirou. Ai, o Ver. Nereu
D’Ávila recolocou. O Presidente, a meu ver, acertadamente, acatou sem efeito
suspensivo.
O meu apelo é para que se discuta conteúdo
nesta Casa. E vamos deixar de brigar, como se diz em linguagem futebolística,
no tapetão. Vamos debater a essência das coisas e não as filigranas jurídicas,
inclusive fazendo esse tipo de manobra que é legal e regimental, porém não é
construtiva.
O Sr. Nereu
D’Ávila: V.Ex.a
permite um aparte?(Assentimento do
orador.) Eu concordo com V.Ex.a de que o Orçamento Participativo tem que ter
uma ampla discussão. Só não concordo é com alguns setores da Administração
Popular, principalmente do Conselho do Orçamento, para quem as pessoas que
ousam discordar de qualquer parte do Orçamento são tidas como inimigas. Ainda
ontem, no depoimento da UAMPA, que faz parte do conselho, só porque eles querem
algumas reformas - são integramente favoráveis ao Orçamento - , eles foram
visitados por membros do Conselho que disseram que eles eram tidos como
inimigos.
O SR. JOSÉ
VALDIR: Uma
discussão, colocada de forma atropelada, porque depois de sete anos a Câmara
resolve discutir, só pode gerar esse tipo de subproduto, que nós só vamos
combater fazendo uma discussão o mais ampla possível e não tentando tirar os
projetos de Pauta por manobras regimentais. Aliás, manobras regimentais feitas
contra o próprio Regimento.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerrada a discussão de Pauta. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, em
tempo de Liderança.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente , Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero deixar registrada
aqui a posição clara da Metropolitana do PSDB contra os episódios ocorridos no
Pará, com a chacina de camponeses. Mais do que se fazerem protestos, moções,
contra o governo federal, o que nós precisamos, de fato, se quisermos fazer a
sério e não sermos oportunistas, politicamente falando, é pressionar o
Congresso Nacional, que tem um projeto de lei do Presidente Fernando Henrique
Cardoso para agilização dos procedimentos de desapropriação de terra, que não
votou até agora, e contra o Judiciário,
que tem intervido no processo de desapropriação, tem sentado em cima dos
processos. São mais de setenta os processos de desapropriação que hoje estão
parados no Judiciário, com liminares concedidas, com demoras em decisões, com
protelamentos e que me parece que qualquer movimento, no sentido de se acusar
ou de se responsabilizar apenas o Executivo federal ou estadual, será
oportunismo político, sem nenhuma seriedade. Se nós quisermos fazer uma ação
real pela reforma agrária, que faz parte do programa do PSDB, acho que está na
hora de deixarmos o oportunismo de lado e juntar forças, situação e oposição, e
fazer a pressão que precisa ser feita. Essa pressão é sobre o Judiciário, em
primeiro lugar, e sobre o Congresso Nacional, que não vota os projetos que
precisam ser votados.
Quero me ocupar de duas questões do Município
de Porto Alegre. Primeiro, parabenizar o Executivo Municipal que, depois de
quatros anos, conseguiu, através do Decreto n.º 11.477 , regulamentar a Lei de
autoria, se não me engano, da Vera. Letícia Arruda, que proibia a buzina dos caminhões de distribuição do
gás liqüefeito. Quatro anos a
Prefeitura precisou para conseguir regulamentar um projeto extremamente simples
e para dizer o óbvio, Ver. Giovani Gregol: que não pode usar buzina, que tem
que usar “jingle”, e que não pode ferir a lei do silêncio de Porto Alegre. Para
isso, quatro anos! Mas saiu o regulamento. Eu estou fazendo cópias que vou
distribuir à vontade para todos os meus amigos e conhecidos para terem em casa,
já que a lei tem uma falha. A Vera. Letícia Arruda não previu que essa lei
estivesse afixado nos caminhões ou coisa parecida. Eu vou distribuir porque eu
quero que as pessoas cobrem o abuso que alguns motoristas da entrega de gás
liqüefeito fazem na cidade de Porto Alegre. Por outro lado, eu quero fazer uma
cobrança à SMT - nosso assessor do Prefeito vai anotar. O Decreto n.º 8229/93,
no seu art. 20, é taxativo: veda a fixação de qualquer tipo de mensagem nos
vidros traseiros, inclusive os de interesse público, que só podem ser fixados
no interior dos veículos e depois de terem a licença da SMT. Os táxis - lotação
de algumas linhas estão surgindo com publicidade comercial. Nesta Casa, nós não
autorizamos isso; autorizamos publicidade em táxis - Emenda do Ver. Luiz Braz,
apresentada por mim - e em ônibus - projeto básico que está sendo implantado.
Não autorizamos publicidade em táxis-lotação, muito menos mensagens jogando, de
uma certa maneira, a população contra esta Casa, como está acontecendo
sobretudo na Zona Sul e na Zona Leste.
É uma mensagem que cobre todo o vidro traseiro e que agradece ao
Prefeito e aos Vereadores por terem
salvado o serviço de Lotação. Ninguém condenou, nem salvou; o que se fez foi
coibir o abuso de maus motoristas - a maioria. É irregular, é ilegal, e a SMT
está absolutamente omissa em sua fiscalização. Repito: Decreto n.º 8229/93,
Art. 20, que não está sendo cumprido pela SMT.
Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, fui convidado pelo Líder da minha Bancada Ver.
Henrique Fontana, a fazer um pronunciamento em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores sobre a nossa indignação, sobre o nosso protesto contra o que
aconteceu em Eldorado de Carajás e em Curionópolis, no leste do Pará, onde além
dos 19 mortos que foram trucidados, agora já tem mais 6, estamos com 25 mortos
neste massacre que é um verdadeiro crime da humanidade. Quer dizer, não existe
justificativa que possa convencer uma pessoa minimamente normal que um governo
deixe que isto aconteça. E já não é a primeira vez no Governo Fernando
Henrique, que fez campanha dizendo que ia fazer a reforma agrária.
Infelizmente, o jornal de maior circulação
neste Estado faz uma confusão nos seus comentários dizendo que havia foices, revólveres, metralhadoras, etc. E,
depois, faz comparações com a Chechênia,
tentando diminuir e disfarçar o crime horrendo que foi praticado pelo
Governo Fernando Henrique Cardoso e pelo Governo do Pará, do Governador Almir
Gabriel, que é do PSDB, mesmo partido do Presidente.
Nós queremos dizer que não basta só colocar o
Cel. Mário Pantoja fora da Polícia,
porque ele foi, inclusive, reconhecido pelo Governador e pelos setores de todo
o Estado como sendo o responsável direto, o que mandou partir para cima - foi a
ordem que ele deu - dos colonos que estavam acampados e tentando mostrar o seu
protesto pela falta de reforma agrária no País. Os tiros foram dados pelas
costas e, em muitos casos, no rosto, mortos a sangue-frio, porque hoje os
institutos de criminalística e os técnicos já estão analisando que existem
restos de pólvora no rosto das pessoas. Isto é coisa feita, adredemente
combinada e tem, o Ministro que está saindo tarde do Ministério, o Ministro
Andrade Vieira, a responsabilidade, assim como tem responsabilidade o Ministro
Nelson Jobim, que até agora não fez
nada para coibir este tipo de procedimento da Polícia Militar, dos
setores de repressão e dos fazendeiros que têm seus jagunços matando gente em
todos os momentos neste País.
Nós temos muitos heróis, muitas vítimas desta
luta pela reforma agrária. Até quando essa luta vai continuar? Até quando vão
continuar impunes as autoridades, que não tomam providencias? Nós, do Partido
dos Trabalhos, traz mas aqui o protesto, e sabemos que a maioria dos Vereadores
vai concordar. Temos um pronunciamento, do Prefeito em exercícios. Dr. João
Pedro Rodrigues Reis, que é Procurador-Geral, em que reafirma neste trágico
momento, a solidariedade ativa do Governo de Porto Alegre ás lutas dos
trabalhadores rurais pela reforma agrária como instrumento da realização da
justiça social. Queremos que façam como os países que se dizem adiantados, que
fizeram reforma agrária e não foi preciso matar ninguém. Mas no Brasil acontece
isso porque esse Governo, que está aí, é um Governo vendilhão, entreguista, um
Governo que está trabalhando sob a égide de grupos econômicos, que com o
dinheiro do sistema financeiro, que de injeta para salvar os bancos, já teria
feito a reforma agrária no País. Isso é um Verdadeiro escândalo.
Queremos pedi a aprovação da Moção do Ver.
Raul Carrion, que chegou antes da Moção do PT, que tem 10 Vereadores, e
estávamos colhendo as assinaturas, por isso, chegou mais tarde. Nesse sentido,
estamos convocando todos os Vereadores não só para assinar e apoiar essa Moção
de protesto e repúblico ao Governo Federal expedindo providencias á reforma
agrária, como também para que nós cerremos fileiras junto com os movimentos
sócias para exigir deste País que, de uma vez por todas, se faça a reforma
agrária. Tenho certeza que inclusive V. Exa.. dentro do partido que milita, vai
colaborar para que haja compreensão nesse sentido. A moção que estamos fazendo
é legitima, digna da busca da paz no País, da justiça social e da reforma
agrária que terá que ser feita de uma vez por todas. Muito obrigado.( Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. WILTON
ARAÚJO (Questão de Ordem): É até mais para um esclarecimento, Sr. Presidente. Eu gostaria de saber
se já deu entrada moção sobre o assunto que o Ver. Clovis Ilgenfritz acabou de
falar.
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Informa a Diretoria Legislativa que já ingressou na
Casa uma moção nesse sentido que tem como primeiro signatário o Ver. Raul Carrion.
O
Ver. Fernando
Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este tema
que venho trazer para conhecimento do Plenário não seria apropriado para um Tempo de Liderança, mas com a
concordância do Ver. Airto Ferronato, sabendo que estou inscrito no Grande
Expediente há dias e não consigo falar, tenho que utilizar o tempo do Partido
para que possa falar de um aspecto pessoal.
No dia 11 de janeiro encaminhei um Pedido de
Providencias ao executivo Municipal sobre o asfaltamento da Jaime Telles, no
trecho compreendido entre a rua Passo
da Pátria e Av. Nilópolis, e da Av. Nilópolis, no trecho entre as ruas Jaime
Telles e Amélia Telles, no Bairro Bela Vista. E aquela rua do “ Barranco”, para
que possamos - nos localizar melhor. Pôr que isso? Porque, inteligentemente,
a SMOV, a Secretaria Municipal de
Transporte: alteraram o tráfego daquela rua. A rua Amélia Telles, entre a Passo
da Pátria e a Nilópolis, que é o inicio da Av. Nilo Peçanha, tinha duas mãos.
Foi invertido o fluxo, só tendo mão da Nilópolis para a Passo da Pátria e,
consequentemente, paga a Lucas de Oliveira e aquela paralela á Lucas. Todo
aquele movimento que vai pela Lucas, entre na Passo da Pátria, tem que cair,
obrigatoriamente, na Nilópolis e Nilo Peçanha, que vai para o “Shopping”
Iguatemi, Colégio Anchieta, Carlos Gomes, Protásio Alves. Antigamente entrava
na Amélia Telles passou obrigatoriamente, a entrar na Jaime Telles. A Jaime
Telles Agora tem mão única, ela vai do Passo da Pátria ao inicio da Nilópolis,
aí, seque - se reto vai se até a Zona Norte de Porto Alegre. É uma avenida que
corta bastante o trânsito de Porto Alegre e foi uma alteração de trânsito
inteligente. Ela viabilizou - se um pouco mais. Aí, a minha inconformidade: A
Jaime Telles, que tinha um fluxo de 5 ou 10 veículos por dia, passou a ter 5 veículos por minuto, é
evidente, porque a Jaime Telles não tinha nenhuma utilidade antes da alteração
de trânsito, e passou a ter. A rua Jaime Telles tem um calçamento de 30 anos, é
antiga, cheia de buracos, pedras, e para um fluxo como tem hoje ficou
extremamente prejudicial. Então, esta foi a minha proposição, foi a minha
justificativa bastante clara: a alteração da circulação viária na região
aumentou consideravelmente o fluxo de
veículos que passaram a transitar pela Jaime Telles e a Av. Nilópolis, o que
ocasionou a danificação do irregular e precário calçamento existente. Portanto,
a colocação de camada asfáltica nos trechos da rua e avenida especificadas visa
a melhorar a trafegabilidade do local e proporcionar maior segurança aos
munícipes nos seus deslocamentos. A
Jaime Telles deve ter 70 metros e a Nilópolis não dá 100 metros. São pequenos
trechos. A surpresa maior é que recebendo, no dia 20 de março, o retorno do
Executivo Municipal, onde os técnicos da SMOV informaram que as duas vias foram
conservadas. Quanto ao capeamento da Jaime Telles, posicionaram-se contra,
devido a sua restrita utilização atual e informaram que a Av. Nilópolis deverá
ser executada quando do prolongamento da via. Existe aqui um desconhecimento
total, porque a pessoa que encaminhou para o Sr. Raul Pont assinar não conhecer
a rua, não passou na rua, não teve o mínimo conhecimento. A informação seria
adequada antes da alteração do trânsito em 12/95; a minha solicitação é de
11.01.1996.
Embaixador, tem que haver cuidado na informação, porque está
informando a um Vereador e, certamente, a alteração não passou pelo Orçamento
Participativo, porque não deve passar, não venham dizer-me agora que o calçamento,
a colocação de asfalto tem que passar pelo Orçamento Participativo!
Houve uma alteração de trânsito, Ver. João
Dib, um Vereador desta Casa solicita ao Executivo que faça um Pedido de
Providência, vem uma resposta educada, mas sem o mínimo conhecimento. É descaso
com a Câmara Municipal, com a Instituição, com o Vereador e, principalmente, é
descaso com o município desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. Luiz Negrinho para uma Comunicação de Liderança pelo Partido Social
Trabalhista.
O SR.
LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Participei ontem de uma reunião no Morro Santana e os colegas sabem
a minha opinião sobre o Orçamento Participativo. Fiquei surpreso quando um
grupo de moradores veio falar sobre
alguns dados. Eu perguntei se eles tinham como me provarem esses dados. Lá pela
meia - noite, uma hora da manhã
conseguiram localizar um ex. - vice - presidente que me trouxe esses
documentos. Prometi a eles que hoje faria uma denuncia sobre a manobra que
fizeram dentro do Orçamento Participativo através de seus delegados.
Em julho de 1982, a Associação Comunitária da
Vila Margarita, no Morro Santana, faz um processo, n° 4674, na Seção de
Comunicação do DEMHAB, pedindo a demarcação de área e outros pedidos. Todos os
anos, no mínimo duas ou três vezes, iam ao DEMHAB solicitar uma providencia no
sentido de se fazer algo para ajudar a essas duzentas famílias. Para a surpresa
dos moradores da Vila Margarita, ontem a noite, os delegados eleitos pela
região optaram pela retirada da Vila. Isso é um absurdo. Por que foi
aprovado? Ao redor da Vila Margarita existe o conjunto residencial Parque
Morumbi, e na área da Vila está projetada uma praça. O orçamento Participativo,
através de seus representante, mesmo morando duzentas famílias lá, há mais de
vinte anos, optou por retirar esses moradores. Os moradores da Vila tentaram se
organizar, na última reunião, e tentaram eleger alguns representantes, mas uma
fatalidade aconteceu. A reunião aconteceu no dia em que houve o último temporal de Porto Alegre, indo
apenas, num caminhão, trinta, quarenta moradores da Vila; e os moradores do
Conjunto Habitacional Parque Morumbi foram de automóvel, elegendo 80% dos
representantes.
Hoje, há uma briga interna entre a maioria e minoria
dos representantes. O pior é que existe um documento através do qual a
Associação pede autorização para ingressar no Orçamento Participativo, porque
os que estavam lá não permitiam que os moradores da Vila participassem, está
aqui documento, não estou mentindo. “ A Associação Comunitária da Vila
Margarida vem respeitosamente solicitar a sua inscrição par o Orçamento
Participativo de 1994... “ Vamos esclarecer isso, não pode acontecer, existem
outros documentos onde o representante do Executivo através do DEMHAB já marcou
uma reunião para o inicio de maio para a retirada dos moradores. Na reunião de
ontem, em torno da meia - noite, estavam quase 80% dos moradores preocupados.
Sabemos que em Porto Alegre há uma avalanche
de áreas retomadas pelo Executivo. Há um desconhecimento de quem está tomando
essas providencias de que existe uma lei Complementar no Município de Porto
Alegre, a Lei n° 26242 dando direito real de uso aos ocupastes d áreas do
Município a partir de 1989, são pessoas que estão lá há mais de 20 anos, já
pedi alteração a essa lei porque ela só protege aqueles conjuntos nas áreas
verdes acima de 25 famílias, ora se
existe duas famílias que estão há trinta anos na área do Município perde o
direito porque a lei não os protege,
precisamos alterar. Faço um apelo para que o Executivo tome cuidado
quando se tratar da Associação dos Moradores da Vila Margarida. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mário fraga): O Ver. Reginaldo Pujol está com palavra, em Tempo de Liderança.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Fernando Záchia ao ocupar a
tribuna há poucos minutos, justificava - se dizendo que esteva usando a
Comunicação de Liderança para tratar do assunto de pessoal, na medida em que
reclamava de problemas com a pavimentação de uma importante via da nossa,
especialmente com as alterações viárias do transito que ocorreu naquela
área O Ver. Záchia não deve ficar se justificando, porque ele fez muito
bem, nós temos que tratar, a todo instante, primordialmente dos assuntos
relativos ao cotidiano da Cidade, como fez Agora o Ver. Luiz Negrinho, trazendo
á informação da Casa esse fato tão importante que está ocorrendo lá com aqueles
modestos moradores de um núcleo de habitação popular da Cidade que estão
premiado por uma pressão que é preciso ser respondida, adequadamente, da
tribuna que representamos e que nos foi conferida, legitimamente, por nossos
eleitores e por aqueles que formaram o Colégio Eleitoral no pleito de 1992.
Tenho, insistentemente, marcado
a posição, no sentido da minha perplexidade, diante do desmoronamento que está
- se procedendo a respeito da abertura dessa caixa preta que era o Orçamento
Participativo. Na medida em que os Vereadores tomam conhecimento da realidade
efetiva que ocorre cm esta manipulada instituição, são esclarecidos uma série
de fatos s com isso se retira esse caráter de infalibilidade que é conferido a
este instituto, pela propaganda oficial, essa sim volumosa, onerosa, tensa,
colocada em todos os veículos de comunicação da Cidade de Porto Alegre. Já esta
claro que a população de Porto Alegre, representada no fórum do Orçamento
Participativo, quando muito influencia em dezoito por cento dos recursos de
investimentos do Município, durante o exercício de 1996, porque é esse o valor
das prioridades defendidas pelas regiões administrativas que compõem aquele
fórum, conforme está escrito pela própria Administração Municipal, um documento
a esse respeito: Ora, Sr. Presidente, isso explica de forma muito clara a
frustração da comunidade, em vários pontos sente-se apossada, na medida em que
é compelida, impelida a participar quase que co-ativamente dessas reuniões na
falsa ilusão de que poderá, por esses meios, encaminhar as suas
legitimas reivindicações. Está claro,
por exemplo, que os recursos aplicados em função dos investimentos no
Departamento de Água e Esgotos, sobre eles o
Orçamento Participativo não tem a menor ingerência. O mesmo ocorre no
que diz respeito á educação e saúde. Vale dizer, nos três segmentos mais importantes
da Cidade: saneamento básico, educação e saúde, só nessas áreas, enfatizo, não
podem os representantes do Orçamento Participativo decidirem sequer sobre os
investimentos de Porto Alegre. Concluo dizendo que está falácia de que tudo o
que acontece em Porto Alegre é redundante deste Plano de Governo e do Orçamento
Participativo é desmentido pêlos próprios documentos oficias da municipalidade que, Agora, de forma
confessa reconhece que o Orçamento Participativo nada mais é do que um Plano de
Governo, uma postura política da
Administração Municipal que tenta cooptando a comunidade, de um lado transforma
- lá em segmento tutelar, e de outro num escudo para as omissões freqüentes que
a Administração Pública Municipal tem especialmente, nesses três segmentos
fundamentais para o cotidiano da cidade: saneamento básico, educação e saúde.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Havendo quorum, passamos á
ORDEM DO DIA
O SR. NEREU
D’ÁVILA (Requerimento): Dado o adiantado da hora, requeiro a inversão da ordem de apresentação
da matéria constante da Ordem do Dia, votando-se primeiro, os Requerimentos.
O SR. JOSÉ
VALDIR (Esclarecimento): Gostaria que a Mesa me informasse qual a ordem que está para ser
votado o meu Requerimento apresentado no dia 22, já encaminhado três
vezes, com votação anulada por falta de quorum.
O SR.
PRESIDENTE:
É o primeiro, Ver. José Valdir.
O SR. LUIZ
NEGRINHO (Requerimento): Eu quero fazer um Requerimento porque existe 3 projetos que seriam
para nós agilizarmos os trabalhos. Gostaria que fossem votados os projetos das
págs. 14, 16,e 17 que são 3 projetos que, tranqüilamente, vão desafogar o nosso
espelho no dia-a dia.
O SR.
PRESIDENTE:
Acho que V. Exa. deu uma saída do Plenário, já há um Requerimento do Ver. Nereu
D’Ávila para nós entrarmos nos Requerimentos primeiro.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Na mesma linha do requerido pelo Ver. Luiz
Negrinho, nós pretendíamos, inclusive, encaminhar a votação do Requerimento do
Ver. Nereu D’Ávila porque, realmente, os processos contidos nas folhas
14,16,17, e mais o da folha 15, acho
que devem ser priorizados. Antes da votação dos requerimentos, tem os
que votar estes processos. E a condição pela
qual eu apoiarei ou não.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila. Está com a palavra, o Ver.
Reginaldo Pujol, para encaminhar.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; o grande argumento que é oferecido
para se solicitar a inversão da ordem do dia é que estaríamos obstando a
votação dos Requerimentos do dia de hoje em face da existência na Ordem do dia
de cinco projetos que tratam de Emendas á Lei Orgânica e que envolvem uma certa
polemica. Não obstante reconhecer esse fato e até sobre ele já ter comentado em
Sessões anteriores, diria que os projetos que estão ás fls. 14,15,16,17 não apresentam esse tipo de
risco e seriam condenados a não serem votados no dia de hoje. É o terceiro dia
que entram na Ordem do dia e não conseguem ser votados, quando se eles fossem
admitidos de forma prioritária, dado que todas as Comissões se manifestam
favoráveis a sua aprovação se tratando
de homenagem d honraria com toda segurança haverão de ser aprovados, sem discussão. Parece - me que
isso é pacifico até porque a maioria deles não precisa de quorum qualificado.
Entenderia de acompanhar o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila que pede essa inversão se fosse ressalvado
este fato, que os projetos de folhas 14,15,16, e 17 pudessem ser inicialmente votados
e depois ingressássemos na parte da
Ordem do dia que tem as matérias de maior peso e que certamente
obstariam a votação do Requerimento, aí sim. Logo vota - se o Requerimento até
que se tenha condição de esgotá-lo na sua integridade para só voltar á
Ordem do dia, com esses processos polêmicos,
após a votação do Requerimento.
Então, o meu voto a favor da inversão da Pauta está
condicionado a que se priorise os projetos de págs. 14, 15, 16, e 17; caso
contrario, terei que me manifestar contrariamente á inversão da Ordem do dia,
senão estaremos sendo injustos, especialmente com aqueles colegas que já no
passado diligenciaram essas proposições e que têm encontrado possibilidades de
vê-los votadas nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Luiz Negrinho está com a palavra para encaminhar.
O SR. LUIZ
NEGRINHO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, conversando com o Ver. Nereu D’Ávila, ele
entendeu o nosso Requerimento, e concorda que entremos na Ordem do dia e
votemos os projetos das páginas 14, 16, e 17, posteriormente entraremos na fase
dos requerimentos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Esclareço ao Plenário que o Requerimento que estamos votando é requerimento de
Ver. Nereu D’Ávila para que se inverta a ordem de apreciação da matéria
constante da Ordem do dia. Primeiro seriam os processos de fl. 14, 16, e 17 (
PR n° 45/95, PR n° 01/96 e PR n° 04/96), depois os Requerimentos e depois
voltaríamos aos outros processos.
O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra para encaminhar pelo PDT.
O SR. NEREU
D’ÁVILA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Câmara pelo seu funcionamento, pela fluidez
dos trabalhos, tem estabelecido as prioridades. Quando venho á tribuna e digo
que apenas temos que consagrar o que a prática está nos ensinando, estou sendo,
apenas, pragmático. Hoje 11h45min. E ainda não entramos na Ordem do dia. Porque
a Sessão de sexta - feira é " Sojt". Há mais lideranças, a Tribuna
popular pode se estender, normalmente há homenagens, hoje foi a Tiradentes. O
que acontece? São 11h 45min e não entramos na Ordem do dia.
Anteontem havia 5, 6 Vereadores ás 17h30min e recém havíamos entrado na Ordem
do dia. A Bancada do PT está sendo irredutível, e sem a Bancada do PT não
fazemos 22 votos para alterar. Já estou admitindo que, em principio, seja
segunda e sexta - feira. Mas, havendo um fato grave, como ontem houve, questão
de massacre e outros - sei que foi no Pará, mas se fosse no Rio Grande -
haveria uma Tribuna Popular na terça - feira, e pela instantaneidade do fato
grave, se fosse terça - feira e a Tribuna tivesse que ser quarta, seria quarta.
Em principio, colocar - se ia a obrigatoriedade de duas Tribunas Populares na
LON - já fiz a Emenda. No Regimento, onde ainda pode haver Emendas,
colocaríamos que essas Tribunas, em principio, fossem segunda e sexta, Ver.
Dilamar Machado. Hoje temos que tocar, porque temos 4 alterações na LOM,
Necessita 22 votos. Os Vereadores vão admitir que depois de um estudo da
Comissão, no ano passado, sério, longo, profícuo,. Para alterar a LOM, não dando
quorum de 22 votos vai ficar feio para a Câmara. Então, não se altera nada, não
se cria mais comissão, não se faça Vereadores de bobos. No mínimo tem que ter
quorum de 22 votos para votar. Como hoje estamos perto do meio - dia, as
mateiras têm densidade, poderão provocar discussão e não teremos os 22 votos,
aceito o requerimento aditado de que sejam votadas a págs. 14, 16 e 17, que são
matérias mais leves e os Requerimentos. É esse o meu pronunciamento, favorável
ao aditamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Vamos colocar em votação o Requerimento, solicitando que dentro da Ordem do Dia
sejam votados os processos das folhas 14,16 e 17 e, posteriormente os
requerimentos. Foi este o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila. Em votação. Os
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. ( Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2557/95 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO N° 045/95, de autoria do Ver. Carlos Machado. Que concede o titulo honorifico de
Honra ao Mérito Policial ao Sargento PM Aírton de Souza Espíndola. (
desarquivado a requerimento do Ver. Reginaldo Pujol)
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. João
Motta: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver.
Dilamar Machado: pela aprovação do Projeto.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. ( Pausa.) Em votação. ( Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o
PR n° 045/95 permaneçam sentados. ( Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0062/96 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO N° 001/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede á Professora Emília
Therezinha Xavier Fernandes o Prêmio de Educação Thereza Noronha.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. João
Motta: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver.
Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. ( Pausa.) Em votação. ( Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o
PR n° 01/96 permaneçam sentados. ( Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0369/96 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO N° 004/96, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio Tradicionalista
Glauco Saraiva, a ser concedido anual e
individualmente, e concede - no exercício de 1996, ao jornalista, escritor e
compositor Antônio Augusto Fagundes. Com Emenda n° 01.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. José
Valdir: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Raul
Carrion: pela aprovação do Projeto.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. Encerrada a discussão.
A Mesa informa que o PR n°
04/96 tem uma Emenda. Então, vamos colocar em votação Requerimento de autoria
do Ver. Reginaldo Pujol, solicitando dispensa do envio ás Comissões Permanentes
da Emenda n° 01 ao PR n° 04/96.
Em votação a dispensa de
envio às Comissões a Emenda nº 0l. ( Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. ( Pausa.)
APROVADO.
Em votação o PR n° 04/96. (
Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADOS.
Em votação a Emenda n° 01.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.( Pausa.) APROVADO.
O SR. RAUL
CARRION (Requerimento): Presidente, estou encaminhando um Requerimento, solicitando que,
dentro dos requerimentos, seja votada em primeiro lugar a moção referente aos
graves acontecimentos do massacre dos agricultores no sul do Pará. Já conversei
com o Ver. José Valdir e ele concordou.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o Requerimento do Ver. Raul
Carrion, que solicita que a moção que ele apresentou hoje seja passada para
primeiro lugar. ( Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver.
Raul Carrion permaneçam sentados. ( Pausa,) APROVADO.
O primeiro Requerimento é o
de n° 80/96, conforme aprovação do Plenário, apresentado pelo Ver. Raul
Carrion. Trata-se de uma Moção de Repudio frente á chacina realizada contra os
sem - terra, em Eldorado dos Carajás, no município de Marabá, no Pará.
O Ver. Raul Carrion está com
a palavra, para encaminhar.
O SR. RAUL
CARRION:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, farei um encaminhamento breve, sucinto,
objetivo. Em primeiro lugar, acho importante ler a moção, que a maioria dos
Vereadores assinou, muitas vezes ate na confiança, sem ter a oportunidade de
ler todo e para que seja clara a votação. ( Lê.)
« A Câmara Municipal de
Porto Alegre vem por meio desta Moção manifestar o seu mais veemente repúdio
frente á chacina - com requintes de execução - realizada contra os sem terras
em Eldorado dos Carajás, no município de Marabá, ao sul do Pará.
Estarrecido, o povo
brasileiro tomou conhecimento d covarde agressão a trabalhadores que se
manifestavam pacificamente pela Reforma Agrária. De maneira covarde, foram
metralhados e assassinados dezenove agricultores e feridos á bala outros
quarenta e cinco! Muitos desses foram executados á queima-roupa com tiros na
cabeça ou no coração. Tudo leva crer que só não ocorreram mais mortes pela
presença da imprensa no local.
É preciso punir com o maior
rigor os responsáveis por esse crime hediondo contra o povo. Mas, mais do que
isso, é preciso que os governantes brasileiros deixem de tratar as questões
sociais neste país como um caso de
policia, e façam de uma vez por todas as reformas sociais que o país exige!
No caso em questão, que
tirem do papel a Reforma Agrária - sempre prometida e nunca realizado - a cabo
com celeridade, única forma de evitar novos conflitos e massacres!»
Entendo que essa Moção
busca, além de repudiar os acontecimentos, não ficar na busca de um mero bode
expiatório, de um comandante da policia Militar que perdeu a cabeça, como algo
que ocorreu por acaso.
Essas questões não ocorrem por acaso. São frutos
de um quadro social, de um quadro político, em que vive este país, onde a
gravidade do problema da terra e o descaso - seja do judiciário, do Executivo, do Legislativo federal - quanto a
normas que viabilizem a solução de problema da Reforma Agraria é histórico
neste país.
Eu gostaria de ler, á guisa
de encaminhamento, as palavras de Maria
Abadia Barbosa, de 57 anos, uma das sobreviventes do massacre, na Zero Hora de
hoje, onde ela afirma: ‘A gente estava
contente. na terça-feira o Major Oliveira esteve no acampamento e disse que iam
mandar cinqüenta ônibus para trazer a gente para Marabá, para negociar com o
INCRA. Fizemos a janta mais cedo. Para esperar os ônibus. Quando os ônibus
chegaram não teve nem conversa. Eles já chegaram atirando. Fomos cercados. Um
grupo veio pela estrada do lado de Marabá, e outro pelo lado de Paraupebas.
Começaram a atirar dos dois lados. Cada um correu para onde pode. Eles pegavam
os feridos e arrastavam pelos cabelos: outros, eles arrastavam pelas pernas.
Fizeram uma pilha com os feridos na estrada: quem não estava morto eles terminaram de matar. Nos escondemos
numa casa, que eles abriram com pontapés; a gente só não morreu porque tinha
uma repórter lá e ela se meteu na frente da polícia. Eu levei dois tiros nas
pernas e o meu filho foi atingido de raspão no rosto. No meio da confusão, os soldados estavam atirando nas
pernas da gente para não termos chance
de acabar ferindo um outro soldado. Quando terminou o tiroteio, dois soldados
voltaram e nos mandaram deitar de cabeça para baixo.” Ela ainda diz em outro momento: “Osiel e outros sem-terra
conseguiram fechar a porta de uma das cabanas, mas um grupo de policiais
arrombou. Identificado como um dos lideres do MST, Osiel foi espancado por,
pelo menos, cinco PMs no interior da
cabana e, desacordado, foi arrastado pelos cabelos até a rodovia com o rosto no chão. Mesmo inconsciente,
algemado, o líder foi chutado, enquanto estava estirado na pista, sangrando
muito no rosto. Um policial militar ergueu Osiel pelos cabelos e começou a xingá-lo com palavrões, ordenado que acordasse.’
Ficou na posição igual a de alguém que reza’, recordou Maria. Poucos segundos
depois, um outro PM aproximou-se de Osiel, ainda seguro pelos cabelos, encostou
o revólver na cabeça, disparou e saiu caminhando como se não tivesse feito
nada. ‘ Foi sangue e miolo para todo o lado’, lembrou Maria.”
Para concluir, Palavras da
própria zero Hora: “As autoridades federais concluíram que existe fortes
indícios de que a Policia Militar do Pará cometeu uma seqüência de assassinatos
ao reprimir uma manifestação pacifica dos colonos.”
Por tudo isso, entendo que
esta Casa dará, na primeira hora, uma resposta: um aprovando, unanimemente,
esta Moção de grande conteúdo. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar pelo PPB.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, foi profundamente contransgedor que ocorreu entre
Policia Militar e “ agricultores” sem terra, porque também havia gente que não
era agricultor. Sob a emoção, sob a comoção do que ocorreu, nós já estamos tentando
votar uma Moção de Repúdio sem uma análise mais profunda do que ocorreu. Não
estou dizendo que sou favorável a que matem alguém. Não, não quero que matem
ninguém; quero que as soluções sejam
pacificas e que se faça a colonização, o que seria, talvez, o mais correto. Mas
assisti na televisão os policiais
militares perfilados com suas armas, os agricultores sem terra com seus
machados e suas foices se dirigindo aos Policiais. Os policiais militares
atiraram para cima, foi a televisão que registrou, e recuaram. No momento que
recuaram, acho que foi tomado como um momento de fraqueza ou covardia. E aí sim
houve o morticínio, a televisão não mostrou mais nada.
Vejam que o autor da
proposição, Ver. Raul Carrion, leu aqui fato que acho extremamente difícil de
ocorrer, o lavrador foi arrastado pelos cabelos, com o rosto no chão.
Peço que cada um considere a
viabilidade de arrastar alguém pelos cabelos com o rosto no chão. Como é que o
indivíduo arrastou?
Por isso sou mais
tranqüilo, mais calmo, eu quero justiça.
Se os policiais tiverem que ser justiçados, presos, que o sejam, mas até o
Governador deles cometeu um equivoco muito Grande, demitiu o responsável pelo
fato. Deveria ter aguardado para que o indivíduo respondesse, para saber se
cometeu uma barbaridade ou não.
desta forma não voto pela
moção de repúdio, porque não tenho razões para tanto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Para encaminhar, com a palavra o Ver. Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não vou fazer aqui qualquer proselitismo
sobre o episódio. Apesar de ser honesto fazê-lo, não me parece que
possamos, nesta hora, não temos uma análise mais profunda, mas delicada do que
estamos vivendo.
Cego é quem não quer ver,
que estamos indo para um processo de barbárie muito grande, está barbárie
é intensa. Essa questão da violência de
ontem não está separada de um processo que vem ocorrendo há anos. Foi o mês
passado no Pará, em todos os anos há morte no Campo em lutas de camponeses, sem
terra, de militantes, de ativistas, de padres, seja lá quem for, com as forças
policiais e forças do estado, há muito tempo. A questão da terra no Brasil, que
é uma questão antiga, histórica e que não teve solução ate hoje, e que muitas
vezes é ideologizada, quando muitos países capitalistas já fizeram há mais
tempo. Isso é chover no molhado, e está - se atingindo o componente de barbárie
muito sério. Não podemos mais conviver com isso e temos que repudiar
unanimemente a forma como é tratada, a forma policial, o tipo de agressão, e
não estou nem entrando no mérito, porque nessa hora sempre perguntam quem
começou, quem deu o primeiro tiro, como se a questão fosse essa. Não é um
simples caso policial. Ai sim a questão pericial ,a questão de ver quem começou
ou levantou o braço, e fundamental. Nos estamos no caminho da barbárie
absoluta, por questão que o Brasil se nega a resolver historicamente.
Olhando a última página da
“Zero Hora”, que traz as manchetes de
30 anos atrás, viu-se que em 1994 fechou 30 anos, de 1964 para cá, e lê-se que o
próprio Golpe de 64 preocupava-se, no ponto de vista do discurso, com a
questão da reforma agrária, porque tem
um militar, um ministro ou presidente do INCRA, dizendo que tem que se fazer
reforma agrária, de que a reforma agrária é fundamental. Era um tema de que não
se podia deixar de falar. O Estatuto da Terra, que é obra do Governo Militar,
durante o Governo de Castelo Branco, já fazia um projeto profundo de uma
reforma agrária. Vejam que esse tema tão antigo continua sendo tratado desse jeito. realmente, Ver. João Dib, não
adianta colocar para rua o Coronel, que comandou a ação policial, e não fazer
nada. Vão tantos coronéis para rua e eu não me contento só com a demissão de um
coronel. Não é suficiente achar quem começou, quem deu o primeiro tiro. Tudo
bem do ponto de vista policial, jurídico, que tem que se achar culpados, mas a
questão é muito maior, muito mas profunda.
Eu não vim aqui fazer
proselitismo político, eu vim dizer que não podemos mais aceitar que este País
não faça ima verdadeira política agrária, que não entenda esse tipo de
problema. Agora , eu ouvi o Ranzolin falar horas sobre um tal de Sted, um
serrano, lá de Lagoa vermelha, e diz que é o homem que comanda tudo isso.
Agora, já tem até um comandante e o comandante é um cara especializado. A
partir daí vão surgir várias reportagens, mas a questão da reforma agrária não
s discute. Vai ter reportagem sobre o coronel demitido, também, mas vamos
continuar a não discutir a questão da ocupação do solo neste País. A nossa
bancada encaminha a favor da moção de repúdio a esse crime, a esses
assassinatos e volta a dizer que ele não está sozinho no tempo, não é um caso isolado, outros acontecerão se continuar esse tipo de política agrícola
que o nosso País tem historicamente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é evidente que o nosso
encaminhamento é favorável á moção do Ver. Raul Carrion e como manifestação da
nossa bancada lerei a coluna de hoje do jornalista Jânio de Freitas, na “ Folha
de São Paulo”, que tem o titulo de “Massacres e Massacrantes”, Diz o
jornalista: ( Lê)
«O segundo massacre de lavradores, sem terra
no atual Governo foi causado como o anterior ,o de Corumbiara, não pelos
jagunços governamentais que fulminaram vidas e sangraram corpos, mas pela
mentira oficial. A mentira do governo. A mentira de Fernando Henrique Cardoso.
Os crimes políticos e os crimes sociais não começam nas mãos assassinas
terminam nelas. As origens históricas dos conflitos rurais são uma coisa suas
causas imediatas são outras, e a
existência das primeiras, tão invocadas pelos escapistas, não justificam as
motivações recentes, sempre geradas pelas irresponsabilidade dos que poderiam
evita-las. Os conflitos rurais tem
raízes socio-economicas, sim na economia familiar da classe rural mais
desprovida. Mas sua explosão, sob a forma, por exemplo, de invasões, responde á
convergência de circunstancias e certo estado psicológico, ou emocional.
O sem-terra só se decide a ser invasor quando
invadido, ele próprio, por uma desesperança total, pela percepção de que nada e
ninguém, muito menos o governo, fará o que quer que seja em favor. O sem-terra
invasor é movido, assim, por duas carências que se tornam igualmente
absolutas: a de meios materiais com que
prover a sobrevivência e a de meios emocionais formados por alguma expectativa
positiva, mesmo que não seja para logo, mesmo que seja imprecisa em tudo.
O
governo Fernando Henrique foi e vai no sentido oposto ao que evitaria a
exasperação dos sem-terra. Chega a ser ridículo reconhecer que não poderia
resolver o problema dos desprovidos do campo em um ano e quatro meses. Mas
poderia facilmente, era mesmo da sua obrigação, criar um clima de esperançosa
confiança em que afinal um presidente se aplicava em cumprir o compromisso
eleitoral de levar adiante a reforma agrária.
A mentira dos assentamentos ajuda muito os
políticos e jornalistas governistas. Aos sem-terras não engana. Os 40 mil
assentamentos que Fernando Henrique assumiu o compromisso de fazer no primeiro
ano de governo, e diz ter feito, não chegam a 5.000, mal passam de 10% do dito
antes e, pior, do dito Agora. Os 60 mil prometidos para este ano até esta
altura sequem o destino da quota anterior, e já não tem como escapar disso. Pudera ,em 12 meses Fernando Henrique
teve quatro presidentes no INCRA. Densidade populacional de dirigente inversa á
densidade de verbas dadas para assentamentos.
O que
seria necessários, da parte do governo, está sintetizado no livro ‘ Mão á obra, Brasil - proposta de
governo de Fernando Henrique’. É caso de dizer os sem-terra não querem mais do
que pôr mãos á obra, mas para isso é preciso que Fernando Henrique acabe com
sua conversa fiada e comece a trabalhar. É verdade que o seu programa de
governo propunha que o Brasil, e não
ele, tivesse as mãos na obra. Mas, se acaso isso lhe diz alguma coisa, há gente
morrendo por causa de sua inação”. » Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para encaminhar.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vamos votar favoravelmente a esta Moção, embora
discordamos do enforque dado á redação temos um massacre que foi cometido por
soldados da Policia Militar do Pará que, num enfrentamento com os
trabalhadores-sem-terra, num determinado momento, com suas armas, acabaram
tirando dezenas de vidas.
Esse enfoque está equivocado, porque ali
estavam dois grupos de trabalhadores que sofrem a política econômica deste País que vem de muitos anos.
Quando o Ver. Milton Zuanazzi saia da
tribuna, disse - lhe que tinha sido
quase brilhante; ele que tem sido quase sempre brilhante. Quando Getúlio Vargas
assumiu. Em 1930, assumia contra a oligarquia. O Golpe era contra a oligarquia
do campo, que mandava neste País e que ficou sem mandar durante algum tempo,
pois depois de Getúlio, foi retomando o seu poder. O poder dessa oligarquia do
campo é tamanho que, quando chegou em 1964, em que João Goulart queria fazer as
reformas de base, entre elas a Reforma
Agrária, que foi pregada naquele discurso da Central do Brasil, derrubou o
nosso Presidente. E, há bem pouco tempo, quando quiseram pegar o boi no campo,
para fazer mais justiça, os oligarquia formaram um grupo e enfrentaram o
Governo Federal.
A oligarquia do campo é extremamente forte e
é mais forte que o próprio governo que está estabelecido, porque ela dá
sustentação para todos os governos e principalmente para todo o poder
constituído dentro deste País, aquele enfrentamento que se fez ali, naquele
instante, foi exatamente o que temos dentro deste País, que não é simplesmente
analisar que alguns homens armados com armas de fogo estavam enfrentando ali
trabalhadores sem - terra. Não, foram alguns infelizes que foram colocados
frente a frente e, de repente, quando começou aquele entrevero todo, alguns
tiros saíram e aqueles infelizes, mas eles estavam ali na verdade todos eles,
naquele campo de batalha, não defendendo os seus interesses pessoais, porque os
PMs também eu tenho certeza absoluta, como muitas vezes vimos, aqui,
enfrentamentos no Rio Grande do Sul, como também em outros estados, eles não
estavam lá defendendo os seus interesses pessoais, os seus interesses particulares.
Eles estavam ali colocados, como infelizes pessoas que são manipuladas, por
todo esse sistema e que tem como os gerenciadores dessa questão toda os que mandavam neste País antes de
Getúlio Vargas, que continuaram
mandando após Getúlio Vargas e sempre que foram enfrentados se saíram
vitoriosos, e que agora, quando desse
massacre do Pará e, coincidentemente, em Curionópolis, que é uma região que tem
uma certa “ homenagem” porque também
foi responsável por massacres no passado, mas essas pessoas que foram colocadas
ali, mesmo os que foram os matadores, estavam ali para cumprir uma determinada
função. Eles teriam que ser inocentados, quando estavam no meio daquele
entrevero, porque tinham poucas opções, talvez de matar, ou morrer.
Muito
embora votando a favor da moção, mais por uma questão política, porque somos
favoráveis a uma Reforma Agrária que tem que surgir rapidamente, mas
manifestando a nossa objeção com relação ao modo como a moção foi redigida, mas
dando o nosso voto favorável por questões políticas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo
Pujol ): O
Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr Presidente, Srs.
Vereadores, o encaminhamento da Moção proposta pelo Ver. Raul Carrion, permite
- se retomar e ampliar a colocação que fiz, no inicio da manhã, sobre o tema.
Assinando plenamente embaixo de todo o discurso do Ver. Zuanazzi, penso que ele
é parte de um discurso mais amplo que, infelizmente, ninguém aqui voltou a tocar no assunto. Insisto que
enfatizar a questão da reforma agraria, apenas nos termos do Executivo, como
está se fazendo, é mascarar e fugir do
problema maior da questão. Insisto que o problema do Legislativo Nacional, do
Congresso Nacional, para aonde as leis e projetos estão indo e não estão sendo
votados e, sobretudo, para o Judiciário, que não tem tomado as decisões
necessárias, tendo dado quase sempre liminares imediatas aos pretensos
proprietários, que tem demorado no Julgamento desses que acaba sendo os
responsáveis pelas chacinas. É sobre isso que temos que ampliar a pressão, aí
moções desse tipo são apenas a burocracia de quem é oposição, de quem quer
aproveitar o espaço, de quem quer apenas marcar a ocupação de um tempo, ou de
um lugar, Parece-me que isso basta e eu
dizia isso, respeitosamente, ao Ver. Carrion, e quero insistir, não para me
opor aos termos apenas da Moção, mas porque precisamos intender de fato, que o
que está havendo é muito maior do que apenas as medidas de um Executivos que
como não está em ditadura, não tem força para executar.
Dizia bem o Ver. Braz, nesse sentido, nem depois do Golpe de 1964, com
o Estatuto da Terra editado por Castelo Branco que, numa ditadura, teria tido
todo o poder e nem ele teve força, exatamente pela resistência. O Executivo que depende de voto e depende de
liderança do Congresso, etc. Nesse
ponto discordo de parte, da sua
colocação anterior, Ver. Clovis Ilgenfritz, acho é impossível calarmos,
impossível aceitarmos morticínios como este. É absolutamente impossível! Mas
também não basta apenas fazermos a
coisa burocrática da moção. dos protestos - aliás, hoje os Vereadores
descobriram como o Ver. Zanela faz escola no Plenário, vários lerão jornais a vontade
acho que há coisas mais fortes,
antes.
A
Vera. Maria do Rosário conversava com o Ver. Clovis e expressava a sua
indignação, esta é a nossa questão Vereador. Mas parece que essa indignação
se fosse só até o Executivo, quero bater neste ponto durante todo o tempo,
nós estamos fazendo 1/5, 1/6, o mínimo do que podemos fazer.
Vamos ver o caso do Rio Grande do Sul:
quantas terras foram desapropriadas pelo INCRA? E em quantas o Judiciário
atrapalhou, impediu, e está impedindo? Em todos os processos do INCRA não há um único que conseguiu ser executado
sem que o Judiciário tivesse se intrometido e sustado. Imperfeição do processo
de avaliação de encaminhamento? Não, se dá liminar em nome daquele “pretenso direito da propriedade privada”
que um Código velho do século passado ratifica. Isso não ouço ser discutido,
aqui, na Casa.
Disseram bem os Vereadores que me
antecederam, que, simplesmente, culpar um capitão, um coronel, um soldado pelo
massacre é pegar o final da ponta ou, simplesmente, dizer que o Executivo não
faz nada, é pegar a metade da ponta. Mas ao menos aí podemos discutir, sem dúvida nenhuma. Não lembro de os mesmos que
aqui discursaram terem vindo em defesa, lá no Congresso, daquele que, quem sabe
teria tido força política para ampliar
a reforma agrária, o assessor, indicado por Fernando Henrique, Graciano, que
foi envolvido naquela trama,
evidentemente maneira proposital, porque ele conseguiria levar mais celeremente o processo. Mas não vi nem
o PT, nem o PC do B, nem o PDT fazerem a defesa do Graciano. Aí, calaram
oportunamente a boca.
( Aparte anti-regimental.)
O Ver. Guilherme Barbosa adora dar aparte
anti-regimental, mas é pena que quando eu quiser animar os seus discursos não vai gostar. Quero deixar registrado,
acho que não podemos silenciar, mas apenas nos termos dessa Moção a mim não me
basta, temos que ir mais longe. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Não existindo mais oradores inscritos para encaminhamento. Vou colocar em
votação a Moção a ser encaminhada ao Sr. Presidente da República, ao Senado, á
Câmara, ao Supremo Tribunal Federal, ao Ministro da Justiça, ao Presidente do
INCRA, ao Governador, á Assembléia Legislativa, ao Tribunal de Justiça, ao
Comando da Policia Militar do Estado do
Pará. Ao MST nacional, aos Estados do País e Rio Grande do Sul e á OAB,
sessão nacional, Proposição do Ver. Raul Carrion, que já foi amplamente
debatida na Casa.
Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. ( Pausa.) APROVADO
o Requerimento . n°80/96, com a abstenção do Ver. João Dib.
Requerimento, de autoria do Ver. José Valdir,
solicitando que seja convidada a Sra. Nelcinha Aguirre, Presidente do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, para exposição sobre o
atendimento prestado ás crianças.
O SR. JOSÉ VALDIR
(Questão de Ordem): Só para jurisprudência futura. Este requerimento já foi votado 3 vezes
e não havia quórum e, de outras vezes, houve novos encaminhamentos. Eu quero
que a Mesa, oportunamente, dirija a dúvida se quando um Requerimento é votado e
não obtém quórum, pode encaminhar novamente? Não precisa a resposta agora, apenas quero saber para criar um
entendimento definitivo sobre esta questão.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. José Valdir, acho extremamente pertinente a Questão de Ordem de V. Exa. e
eu gostaria que V. Exa. se pudesse contribuir com a Mesa,
encaminhasse um Requerimento por escrito, porque nós temos posição num sentido
e sabemos que a orientação da Casa tem sido noutro. Em verdade, é considerado,
normalmente, que encaminhado numa Sessão, a votação não pode ser feita na
outra. O nosso entendimento pessoal é adverso. Nós solicitamos a V. Exa.
que firme um Requerimento para que
haja um esclarecimento definitivo sobre
o assunto.
O SR. JOÃO
DIB: (Questão
de Ordem) Sr. Presidente, eu sei que os honrados Vereadores deste Plenário,
todos eles, querem votar o Requerimento que vai ser feito por votação nominal.
Eu gostaria que V. Exa. verificasse se os gabinetes dos Vereadores tem
comunicação com o Plenário para que eles saibam que vai haver uma votação e os
honrados Vereadores querem estar presente.
O SR.
PRESIDENTE: V.
Exa. sabe que todos os gabinetes dos
Srs. Vereadores tem um sistema de comunicação com o Plenário. O que nós não
podemos é determinar que dentro dos gabinetes seja ligado ou não o sistema.
Independe da vontade de quem está dirigindo os trabalhos neste momento.
Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. José Valdir. ( Pausa.) ( Após a chamada.) Quatorze votos SIM. Não há quórum.
O SR.
CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, este Vereador
quer se certificar se está na relação o Requerimento, já feito há cinco
Sessões, para a retirada do Projeto de Lei n°170/91, que institucionaliza
o Orçamento.
O SR
PRESIDENTE:
Fique tranqüilo, ele está entre os processos que seriam votados se houvesse
quórum.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, solicito, como o Ver. João Dib em outra ocasião, que se registre em ata que o Ver. Jocelin
Azambuja se esforçou para encaminhar um processo e, na hora da votação, não
estava no Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Declaro encerrados os
trabalhos da presente Sessão, por ausência de quórum.
(Encerra-se a Sessão ás 12h26min.)
*****